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Ambulâncias viram sucatas e indígenas denunciam omissão

8 MAI 2021 • POR Valéria Araújo • 12h00

Cerca de 50 veículos da saúde indígena estão deteriorando no pátio da sede do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), em Dourados. Essa semana um grupo realizou protestos e denunciou abandono no Ministério Público Federal. De acordo com o membro do Conselho Local de Saúde Indígena, Fernando de Souza, tratam-se de carros que são utilizados no transporte de equipes médicas para as aldeias e acampamentos em Dourados e no socorro de pacientes.

Entre eles, ambulâncias e as vans do serviço gabinete odontológico, que foram entregues a menos de quatro anos na Reserva Indígena. Conforme ele, por causa do sucateamento dos veículos, mais de mil pessoas que moram em acampamentos indígenas deixaram de receber atendimento da saúde bucal, porque eram essas unidades móvel que faziam esse serviço. Para Fernando, a situação de abandono e de sucateamento está diretamente relacionada à falta de planejamento, organização e gestão por parte da chefia local da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). 

“A situação se agravou especialmente nesses últimos 12 meses associado à chegada pandemia do Corona vírus COVID-19 e demissões de funcionários que tinham funções estratégicas nas articulações e execução das ações dentro das comunidades indígenas”, ressalta. 

Conforme os manifestantes, cerca de 70 galões contendo hipoclorito de sódio estão alojados na parte externa da unidade sem cuidados mínimos necessários, podendo, inclusive perder a eficácia. O produto é utilizado para o tratamento da água da comunidade indígena. Fernando retrata a situação de abandono. 

“Há falta de estrutura de logística para proporcionar o deslocamento das equipes até às aldeias e comunidades indígenas, bem como, falta de insumos e equipamentos de Proteção Individuais suficientes para os profissionais de saúde atender adequadamente as populações indígenas. Periodicamente tem faltado medicamentos básicos para os principais problemas de saúde da população local e até mesmo medicamentos de uso continuo de pressão alta e diabetes para centenas de pacientes cadastrado nos programas de atenção básica. As Unidades de saúde continuam em estado precário e insalubre, com iluminação péssima e ventilação precária”, denuncia. 

Conforme nota do Conselho Indígena Local, todos os profissionais de saúde se encontram na sede do Polo Base prontos dispostos a prestar atendimento à população indígena, no entanto, os poucos veículos disponíveis não foram autorizados a saírem do pátio, já que a chefia local, teria disparado mensagens de áudio em grupos de WhatsApp dando ordem aos trabalhadores, tanto administrativos quanto da saúde, para permanecerem em suas casa até segunda ordem, “e com isso trazendo mais problemas na prestação de serviços básicos exatamente nesses dias de pandemia e de vacinação do nosso povo tanto com a vacina da gripe e quanto da COVID-19, ou seja, emitindo uma ordem corroborando para a piora do quadro sanitário nas aldeias, atitudes contrarias aos nossos anseios pois não há nenhum impedimento por parte do movimento indígena que tem tido uma boa relação de diálogo e respeito com todos os profissionais”. 

Sesai 

Em contato com a Sesaí, a Secretaria informou que tem condições de refutar as alegações do grupo que ocupa a sede do Dsei. Ressaltou ainda que “podemos adiantar que os ocupantes não representam a maior comunidade indígena do Estado e que tudo está sendo feito a revelia do controle social e do ente jurídico que representa os indígenas do estado no tema saúde, assim como não representa os caciques eleitos. Está sendo articulado por duas pessoas que não são trabalhadores do DSEI, junto com pessoas de sua família e amigos que eles empregaram quando foram gestores do DSEI e nada fizeram para essa melhoria tão demandada”.