ESPECIAL

Anos 80: a década das Diretas Já, Constituinte e eleição livre

22 ABR 2021 • POR Rozembergue Marques • 14h30

A década de 80 foi marcada pela volta do Brasil à democracia. Quatro dias depois de O PROGRESSO completar 31 anos de circulação, no dia 25 de abril de 1984 a Câmara dos Deputados votava, após uma intensa campanha que mobilizou o Brasil, a “Diretas já”. O tema, claro, foi destaque na edição daquele dia.

Sob o título “Hoje a votação da emenda Dante de Oliveira”, o jornal retratou a expectativa com a votação da emenda, expondo opiniões dos então deputados federais Rubem Figueiró e Sergio Cruz. “Com muita expectativa por parte da maioria dos brasileiros, sob um clima de emergência em Brasília, será votada hoje na Câmara Federal, a emenda Dante de Oliveira, que restabelece as eleições diretas para presidente da República. Calcula-se que nos últimos meses, mais de cinco milhões de pessoas foram às ruas, nos comícios, pedir diretas-já”, relatou.

Em uma sessão cercada de tensão, com as galerias da Câmara cheias e acompanhada por milhões de brasileiros, por apenas 22 votos os deputados rejeitaram a Proposta de Emenda à Constituição que previa a realização de eleições diretas no Brasil para presidente da República depois de 20 anos, mais conhecida como emenda Dante de Oliveira, assim conhecida por ter sido apresentada pelo deputado do Mato Grosso. Mesmo com a rejeição, a emenda foi essencial para unir a população e vozes de diferentes opiniões políticas por um ideal comum, a volta da democracia por meio das eleições.

As manifestações das Diretas concluíram o processo de enfraquecimento da ditadura. Mesmo continuando indiretas, por causa da derrota da emenda, as eleições pelo colégio eleitoral consagraram o candidato da oposição, o civil Tancredo Neves em 1985.

O candidato apoiado pelos militares, o atual deputado federal Paulo Maluf, do PP paulista, foi derrotado. Tancredo acabou não assumindo a presidência, ele adoeceu e morreu sem tomar posse. Foi na gestão do vice, José Sarney, que as eleições voltaram a ser diretas. O governo dele marcou o período de transição democrática. Com a Constituição de 1988, conhecida como Constituição Cidadã, finalmente veio o retorno da democracia.

Em 1989, cinco anos depois da rejeição da emenda de Dante de Oliveira e um ano depois da Constituinte, Fernando Collor de Mello foi eleito presidente com votos da população pela primeira vez depois do regime militar. Todos esses fatos muito importantes da vida política nacional foram registrados, sempre com destaque, nas páginas de O PROGRESSO.