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Variante mais grave domina 82% das amostras em MS

21 ABR 2021 • POR • 11h30

De maior gravidade, a variante P1 do coronavirus atinge 82% das amostras em Mato Grosso do Sul, conforme análise realizada entre os dias 6 a 9 deste mês. De acordo com os pesquisadores Júlio Croda, Ana Rita Coimbra Motta-Castro (ambos ligados à Fiocruz e à UFMS) e James Venturini (UFMS), a variante tem as seguintes características: maior transmissibilidade, atinge a população mais jovem, apresenta uma evolução mais rápida da doença e maior gravidade da doença, além de diminuir a efetividade das vacinas.

A variante, segundo os pesquisadores, foi identificada em fevereiro deste ano.

“A P1 é a variante que domina todos os Estados do Brasil. Isso explica por que tivemos um número elevado de casos e uma necessidade maior de leitos de UTI. Com uma nova variante mais transmissível temos mais pessoas que precisam de hospitalização e mais pessoas vão a óbito. Essa variante também acomete jovens, então aquela história, de antes, de que somente os idosos iriam precisar de leitos de UTI não é mais verdade. Hoje em dia, a maioria das pessoas que estão internadas são de jovens, principalmente por conta da P1, porque ela tem uma carga viral mais elevada”, afirma Júlio Croda. 

A variante, segundo os pesquisadores, foi identificada em fevereiro deste ano. Com um mês de circulação, no entanto, é a mais presente nas análises do vírus. A descoberta foi possível por meio de um trabalho que realizou o sequenciamento genético do coronavírus, a partir de amostras clínicas por meio de swab nasofaringeano. 

O trabalho, denominado “mapeamento genômico de Mato Grosso do Sul” teve como objetivo conhecer as variantes que mais circulam no Estado e, com isso, subsidiar as autoridades sanitárias na adoção de práticas e ações de combate à Covid-19. “Tivemos em nosso Estado a presença de muitas variantes, mas no último mês de março foi muito grande a disseminação da P1”, salienta a pesquisadora Ana Rita Coimbra. 

Conquista 

A realização do trabalho de sequenciamento genético das amostras de coronavírus somente foi possível após a aquisição, pela UFMS, de um sequenciador de nova geração, que disponibiliza uma das mais modernas tecnologias na área, e que trouxe autonomia para Mato Grosso do Sul, que agora não precisa mais enviar amostras para outros Estados. 

O Laboratório Central de Mato Grosso do Sul (Lacen-MS) contribuiu com a disponibilização de insumos para a pesquisa. Segundo a secretária adjunta estadual de Saúde Christine Maymone, a aquisição da tecnologia em Mato Grosso do Sul é uma conquista que vai possibilitar ao governo do Estado, por meio da SES “tomar as melhores decisões possíveis, com embasamento na ciência. O sequenciamento genômico é uma questão muito importante e daqui para frente vai fazer parte da nossa rotina”. 

O secretário estadual Geraldo Resende fez um agradecimento a toda a equipe da SES, aos pesquisadores da UFMS, à equipe do Lacen-MS e ao governador Reinaldo Azambuja “que nos possibilitou os convênios com todas as instituições que apresentam, à luz da ciência, caminhos para enfrentarmos o coronavírus”. 

Participaram da entrega do estudo ao secretário Geraldo Resende os pesquisadores Júlio Croda, Ana Rita Coimbra e James Venturini; a secretária-adjunta da SES Christine Maymone; o diretor do Lacen-MS, Luiz Henrique Ferraz Demarchi; o assessor técnico do Corpo de Bombeiros Militar na SES, coronel Marcello Fraiha; e a superintendente de Vigilância em Saúde, da SES, Larissa Castilho.