Artigo

Os 50 anos do CEUD

21 MAR 2021 • POR JOSÉ TIBIRIÇÁ MARTINS FERREIRA* • 17h02

Há 50 anos no dia 23 de março de 1971 depois de uma longa espera foi realizado o primeiro vestibular na UEMAT, muito concorrido por sinal, afinal muitos douradenses antes tinham que procurar outros estados para cursar uma faculdade, o curso universitário somente existia em Campo Grande e era particular.

Naquele dia memorável esteve presente para fazer a entrega do prédio o Sr. José Manuel  Fontanillas Fragelli, governador eleito  do Mato Grosso que tinha tomado posse no começo do ano. A obra foi realizada pelo anterior, ex-governador Pedro Pedrossian e o curso funcionou na parte da manhã no primeiro ano, não poderia ser à noite, pois precisava ser terminada a parte elétrica.

Naquele dia eu e uma grande quantidade de pessoas prestamos o primeiro vestibular, eram 40 vagas para o curso de Letras com Inglês e 37 para Estudos Sociais.

Fui selecionado para o Curso de Letras com inglês e outros para Estudos Sociais, dentre os calouros e calouras:  Abelina, Adilvo, Alfredo, Aphrodite, Célia, Doracy, Elza, Elizabethe, Eórli, Esmeralda, Fernando, Getúlio, Hélio, Ilda, Irene, José Pereira, Lídia, Liriacy, Lourice, Maria A. Faria, Maria D. Ruas, Maria Jaci, Maria José, Marina, Maucyr, Nedina, Nilva, Noemia, Odete, Patrícia, Regina, Sara, Sarah Norini, Sonia, Taeko, Tereza, Vilma e Zenaide. Estudos Sociais, Adair, Dilza, Eduardo, Eli, Eliza Rosa, Elvira, Elza, Erci, Erisvaldo, Ester, Eulália, Heitor, Isaura, Irene, José Célio, José Laerte, Justo, Jurema, Leda, Lenira, Maria Beatriz, Maria Conceição, Maria Eneida, Maria Kavano, Maria de Matos, Marina, Marinita, Mário, Nelson, Rito, Ruth, Sultan, Ubirajara, Valdir, Yara e Yumiko.

Nossa turma era formada na sua maioria na faixa etária acima dos 30 anos, eu um jovem de 19 anos com uma minoria de rapazes e moças regulando a mesma idade. Desta plêiade, a maioria já se encontra aposentada, outros estão vivendo no oriente eterno. Uma época muito difícil porque nem todos tinham um trabalho fixo, alguns viviam na cidade e outros nos distritos, mas conseguimos vencer as barreiras.

Cursei do segundo ao quarto ano na FUCMT, onde concluí em 1974 o curso, hoje UCDB, outros colegas também fizeram a complementação na capital, pois o curso aqui era de três anos, licenciatura curta que dava direito somente para ministrar aulas no primeiro grau. Viajavam numa Kombi que era dirigida pelo professor Sultan Rasslan, sofreram muito, uma vez que o trecho até Rio Brilhante era sem asfalto, muitas vezes se atolava por causa da chuva, mas com a persistência e força de vontade chegaram no final, ele, a esposa Irene e outros.

Achei por bem citar esses nomes acima, afinal nós fomos os primeiros universitários que foram selecionados na história de Dourados, a partir daí surgiram outros cursos. Dentre os formandos, alguns passaram a ser professores no CEUD, como Sultan Rasslan, sua esposa Irene Nogueira Rasslan, José Laerte Tetila, este inclusive foi diretor do centro universitário de Dourados.

Dentre os primeiros professores do primeiro ano que fixaram residência definitiva em Dourados foi o professor Kyoshi Rachi, enquanto os outros não sei o paradeiro deles, com exceção do professor Lins, ex-freira, irmã Josefina Kopplemburg, ambos falecidos.

Até hoje o local é chamado pelos antigos universitários como CEUD, fazendo parte da universidade denominada UFGD. Acho que apesar da pandemia esta data não poderá ser esquecida, são 50 anos de existência. Acontecimento que foi uma grande mola propulsora para o desenvolvimento da grande Dourados na criação dos demais cursos, bem como da UEMS, na Vila Cerrito para a fundação da futura cidade universitária. Sinto-me orgulho de fazer parte desta história, não foi fácil porque no primeiro ano houve uma dificuldade na formação do quadro de professores.

Hoje a universidade tem outra cara, o que atrapalha é a interferência de grupos políticos de várias ideologias se confrontando, algo que não acontecia no nosso tempo, muito ruim para a educação.

*Advogado e ex-professor