Mulher imigrante

Refugiada supera desafios e pensa em voltar à Venezuela só como turista

Em Dourados, imigrante conta que ter com quem deixar os filhos e arrumar emprego foram os principais desafios

6 MAR 2021 • POR Cristina Nunes • 20h00
Venezuelana conta que sua família foi muito bem acolhida pelos brasileiros - Divulgação

No dia 23 de outubro de 2019, a imigrante Kimberlane Yesseni Barceló Lopez, de 31 anos, desembarcava em Dourados juntamente com centenas de outras mulheres venezuelanas. Ao mesmo tempo do sentimento de ‘alívio’ em sair de um país assolado por uma grave crise política, social e econômica vieram os sentimentos de medo e incerteza da vida que teria em uma terra estranha.

Kimberlane é mãe de duas meninas, uma de nove e outra de sete anos. “Eu acho que os desafios são mais fortes quando se tem filhos, porque uma mãe não consegue deixá-los com pessoas que não conhece”, afirmou.

Kimberlane relata que contou com a ajuda da mãe para cuidar das meninas, enquanto buscava por um emprego. Este foi outro grande desafio. “O que acontece quando cheguei foi que as pessoas precisam experiência para te contratar e a gente não tem porque apenas está procurando o primeiro”, afirmou Kimberlane hoje está empregada na função de líder de produção.

Atualmente a vida em Dourados está mais tranquila do que na chegada, mas as lembranças  da cultura e do país ainda estão vivas no coração de Kimberlane. “Agradeço muito aos brasileiros pelo acolhimento, eu e minha família recebemos muita ajuda. Minhas filhas estão matriculadas na escola e estudando a distância devido a pandemia”

Ela continua: “É triste a situação da Venezuela, sentimos saudades, mas sabemos que para o país voltar ao que era antes vai demorar muito”, afirmou. Questionada sobre os sonhos e expectativas para o futuro, Kimberline disse ao PROGRESSO que almeja comprar uma casa e em breve levar as crianças para conhecer melhor o país delas, ainda que como turistas. “Na Venezuela eu morava só com as minhas filhas e elas sentem vontade de ter um canto delas, com as coisas delas”.

A refugiada falou das principais saudades que tem da Venezuela: o restante da família, a praia e a harina (comida típica). “A harina faz parte do café da amanhã de todos os venezuelanos, mas agora só pode comprar por encargo. A gente faz pedido a outros conterrâneos que vendem e a família que está lá. Eu também tenho muita saudade da praia, ficava uns 30 minutos de onde morava e aqui não tem perto”, finalizou.