Mulher no comando

Primeira comandante da Guarda Municipal supera machismo

Instituição passou a ser comandada por uma mulher este ano pela primeira vez na história de Dourados

6 MAR 2021 • POR Luiz Guilherme • 18h00
Comandante Liliane Graziele tem feito história em Dourados, à frente da GM - Leandro Silva

Olhares aparentemente discretos, mas percebidos. A primeira comandante mulher da história da Guarda Municipal de Dourados (GMD), Liliane Graziele Cespedes de Souza Nascimento, de 36 anos, enfrenta o machismo e mostra que lugar de mulher é onde ela quiser.

Ao O PROGRESSO ela disse que comandar outras pessoas é um desafio muito grande, principalmente dentro de um segmento, em sua maioria, composto por homens. Segundo ela, nas ocorrências externas o preconceito se revela. “Eu nunca tinha reparado, mas há alguns dias, comecei a notar olhares que, para mim, são sim uma demonstração de machismo. A pessoa não olha nos meus olhos ao falar comigo, olha com desconfiança, no entanto, como sempre fiz, respeito a todos, e na GMD existe de uma forma geral, esse respeito é mútuo”, enfatizou Liliane.  

Porém, isso não abala a confiança a o trabalho da Guarda. Pelo contrário, por trás da farda, está uma mulher forte, e com olhar sensível. “A presença feminina na segurança pública ainda é algo relativamente novo, mas estamos conquistando nosso espaço. Temos a mesma competência que os colegas homens. Ao assumir o comando da guarda, me propus a dar um toque mais sensível. Por exemplo, ao atender ocorrência que envolvam outra mulher, conseguimos nos colocar no lugar, sabemos o momento oportuno de um abraço, de uma palavra não da guarda Liliane, mas de mulher para mulher”, pontuou a comandante.

Formada em Direito, Liliane é casada e natural de Campo Grande. Residiu em Rondônia, e há 17 anos mora em Dourados. “Sempre fiz concursos, e todos voltados para a segurança pública. Quando fiz o da Guarda Municipal, estava finalizando a graduação em Direito. Ano passado, ao ser convidada para assumir o comando da GMD, foi um misto de surpresa, medo, insegurança, mas aceitei o convite, pois acredito que posso contribuir para a cidade”, afirmou.

Superação

. Estar à frente da Guarda, é sim, motivo de superação para Liliane Graziele. Casada, mãe de dois filhos, ela revelou ao O PROGRESSO, que por tanto estudar para concursos, passou pela depressão, e foi orientada pelo médico a se dedicar em alguma coisa que a fizesse bem. “Descobri sendo guarda o caminho para superar a depressão”.