Trabalhar fora

“Eu me sentia culpada por não ficar mais tempo em casa”

Enfermeira Rosângela Midori acredita que o conhecimento é a chave para superar qualquer preconceito

6 MAR 2021 • POR Charles Aparecido • 14h00
Rosangela Midori Noguti Dinizz é enfermeira há quase 30 anos - Divulgação

Enfrentar a carga maior de trabalho em casa e no trabalho. Essa é a realidade de muitas mulheres nessa pandemia, como a enfermeira Rosangela Midori Noguti Dinizz. Em entrevista ao O Progresso, ela relata que já chegou a se sentir culpada por não ficar muito tempo em casa, barreira vencida após compreender sobre igualdade de gênero. Para ela o conhecimento é a principal porta para vencer qualquer preconceito.  

Rosangela mais conhecida como “Midori”, tem 54 anos e nasceu em uma pequena cidade paranaense, porém passou sua adolescência em Maringá– PR, onde se formou em enfermagem pela UEM (Universidade Estadual de Maringá), após terminar sua graduação foi para o Japão onde morou e estudou três anos no Saint Christopher College Of Nursing como aluna ouvinte na cidade de Mikatabara – estado de Shizuoka. Conheceu seu esposo sul-mato-grossense em Maringá, José Américo Dinizz Junior, e em 2006 veio morar em Dourados, onde teve sua filha Vitória Lye Noguti Dizz, atualmente com 17 anos. 

Segundo ela, a criação do Dia Internacional da Mulher valoriza a participação da mulher na sociedade e reforça a importância do seu papel em todas as esferas social, pois ainda hoje, algumas mulheres sofrem assédio moral e sexual, sendo excluídas por sua aparência e até mesmo pela maternidade. São humilhadas e dirimidas de seus direitos no mundo inteiro. “Fui criada de forma tradicional, minha mãe não trabalhava fora e cuidava apenas da casa. Meu pai dizia que eu não parava em casa, para ele era difícil de compreender, essa necessidade de estudar e se manter”, ressalta a enfermeira.

Hoje as mulheres conquistaram seu espaço no mercado e, como Midori, praticamente não ficam em casa, recebem o apoio da família para mantém a administração do lar e mesmo na correria buscam passar um tempo de qualidade cada um. “Eu me sentia culpada por não ficar tanto em casa, mas compreendi que esse sentimento não deveria existir, pois, nós mulheres trabalhamos, estudamos, temos dons e talentos assim como os homens”, explica a profissional.

Midori é enfermeira há quase 30 anos e desde que começou a atuar, percebeu que a mulher tem infinitas possibilidades, lógico que existem pessoas que ainda não são maduras em relação a mulher ter, por exemplo, algum cargo de destaque ou empreender. Essas situações parecem ser consequências de uma desigualdade de gênero que ainda é bastante vigente na sociedade, contudo o cenário vem mudando muito. “Penso que o conhecimento é tudo! O saber traz uma grande ponte que possibilita a mulher, superar até mesmo o mais forte preconceito, mas em muitas situações, a mulher precisa provar o seu valor, infelizmente”, lamenta Midori.

A maioria dos profissionais na área da Rosangela são mulheres guerreiras, corajosas, lutadoras e que tem feito a diferença neste momento de pandemia, sejam liderando ou na assistência. “Dourados me recebeu tão bem, que pretendo trazer meus familiares para morar aqui. Há algum tempo também tomei a decisão de empreender e estou abrindo a minha própria clínica de prevenção e tratamento de feridas em Dourados”, diz emocionada. 

Rosangela Midori ressalta que toda mulher deve lutar por seus direitos de igualdade, equidade e respeito, lembrando sempre da importância de acreditar em seu valor para poder se desenvolver e atingir o autoconhecimento e então ser feliz e bem realizada.