Editorial

Degradação dos córregos

27 FEV 2021 • POR Redação • 10h00

Não é de hoje que córregos de Dourados apresentam cenário de poluição. Também não é de hoje que órgãos fiscalizadores que poderiam identificar e autuar quem pratica crime ambiental não tem cumprido como seu papel. O tempo passa e as consequências desse desastre reflete na saúde humana.

O córrego Água Boa, que nasce dentro do parque Antenor Martins, jardim Flórida, em Dourados, tem recebido grande quantidade de fezes. O caso ocorre na vila Cachoeirinha, nas imediações de uma das centrais de tratamento de esgoto da empresa Sanesul, responsável pelo abastecimento de água e coleta de esgoto da cidade. A concessionária nega tal poluição e culpa a população. 

Literalmente é merda pra todo lado. Reportagem deste jornal, no caderno “Dourados Agora”, página 1, revela a quantidade de sujeira pra todo lado. Moradores denunciam que o problema é maior a noite, quando o fedor invade as casas. Crostas de fezes cobrem parte do córrego e a água é tão escura que revela o quão está tomada pela podridão.

Um absurdo. Um esgoto a céu aberto. Mas o crime ambiental não se restringe somente ao córrego Água Boa. O córrego Paragem, que nasce no parque Arnulpho Fioravante, aos fundos do shopping, também é atingido por poluentes. O problema não é novidade para ninguém, porém falta órgão competente para resolver o caso. O córrego Rego D’água, o mais central da cidade, é considerado há quase duas décadas o mais poluído. 

Pesquisa realizado na UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), em 2013, apontou que praticamente todos os córregos da cidade estão fora dos critérios estabelecidos pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) para a conservação da biodiversidade e para o consumo humano. E o que tem sido feito? Praticamente nada!

A poluição, na maioria das vezes, é resultado de despejo de efluentes contaminados nos córregos – que desaguam no Rio Dourados - e alguns destes metais estão acima do considerado aceitável para os riachos urbanos. A importância de se preservar córregos e nascentes que acabam influenciando o Rio Dourados, vai além da questão ambiental, mas da manutenção de um bem essencial à vida humana. O rio, por exemplo, é responsável por cerca de 50% das águas distribuídas para os 220 mil habitantes da cidade e outros 50% recebem água de poços, subtraídas do Aquífero Guarani.