Economia

Dívidas no comércio passam de R$ 9 milhões na pandemia

Foram 11.550 novos registros no SCPC contra 9.349 que conseguiram limpar o nome durante o ano passado

25 JAN 2021 • POR Valéria Araujo • 09h59

O comércio de Dourados acumulou mais de R$ 9 milhões de dívidas em 2020, ano da pandemia do coronavírus, que causou crise econômica mundial. Os números levam em conta cadastros no SCPC. De acordo com números da Associação Comercial e Empresarial de Dourados (ACED) 11.550 pessoas tiveram o nome negativado e 9.349 conseguiram “limpar o nome” nesse período somando R$ 8.5 milhões em débitos pagos. 

No comparativo com o ano passado, menos endividados conseguiram limpar o nome. Foram 10.466 em 2019 contra 9.349 que quitaram suas dívidas. Por outro lado o número de inscritos no SCPC diminuiu. Foram 15.464 em 2019 contra 11.550 em 2020. 

Para o presidente da Aced, Nilson dos Santos, o ano de 2020 foi de sacrifício em Dourados e que a Covid-19 ameaça inclusive as tradicionais campanhas de queima de estoques que terão que se adequar para não causarem aglomeração. 

Perspectivas

O Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio MS (IPF-MS) realizou uma análise do impacto provocado pela pandemia da COVID-19 para o comércio de Mato Grosso do Sul no ano de 2020 e as perspectivas para 2021.

“Sem dúvida o ano de 2020 foi bastante conturbado, os reflexos da pandemia sobre a vida das pessoas e negócios. Temos mais de 150 mil pessoas desempregadas e três mil empresas fechadas, além da inflação nas alturas, superando a casa dos 20%, no caso de IGP-MS. Apesar disso, já temos neste momento indicadores menos piores que no início da pandemia e novas oportunidades continuam surgindo”, diz a economia do IPF-MS, Daniela Dias.

Embora ainda na chamada “zona negativa”, a intenção de consumo vem aumentando, bem como a confiança dos empresário do comércio também já reagiu. Apesar de o aumento das taxas de juros e índice de 35% da população de MS com a renda impactada negativamente pela pandemia, o agronegócio apresentou bom resultado e muitos trabalhadores apostaram no empreendedorismo.


Dicas de economia

O economista Carlos Alberto Vitoratti explica que algumas iniciativas contribuíram para que o consumidor pudesse limpar o nome, como o Serasa Liquidação, uma campanha nacional para facilitar o pagamento das dívidas. O Auxílio Emergencial também deu uma aliviada nas contas. De acordo com Vitoratti as empresas perdem com o endividamento dos clientes porque a consequência é que eles parem de comprar. “O ideal é fazer acordos que garantam o pagamento, mesmo que parcelado, pois todos saem ganhando”, ressalta. 

Vitoratti também explica que para sair do sufoco, o consumidor precisa se planejar. “É preciso avaliar quanto se ganha e quanto a pessoa pode gastar, levando em consideração os compromissos que ela já tem em pagar. 95% das pessoas não têm noção de economia. Não fazem uma reserva de dinheiro e diante de uma adversidade como uma doença ou perda de emprego acabam se endividando”, ressalta.