Saúde

Uso medicinal da Cannabis auxilia tratamento em doenças psicomotoras

Medicamento visa amenizar os impactos das doenças nos pacientes, proporcionando sensação de 'bem-estar'

25 JAN 2021 • POR Luiz Guilherme • 08h00

O assunto ainda é polêmico, mas estudos científicos comprovam que o uso para fins medicinais da Cannabis, auxilia em doenças psicomotoras, como o ‘mal de Parkinson’. Em entrevista ao O PROGRESSO, o farmacêutico e bioquímico, Racib Harb pontuou a importância desses estudos, e defendeu uma rigorosa regulamentação para a utilização da mesma. 

“A medicina tem avançado, existem estudos que visam identificar outras doenças que possam ser utilizadas o uso da Cannabis. Atualmente, já há aplicação como forma de medicamento, em crianças com doenças psicomotoras, em pessoas acometidas pelo ‘mal de Parkinson’, no entanto, no Brasil é uma discussão ainda delicada”, enfatizou o profissional.

Em 2019, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a regulamentação para a venda em farmácia de produtos elaborados à base de Canabidinoides. Porém, o mercado farmacêutico se mostrou tímido quanto ao assunto. “Aqui no país o laboratório que fosse autorizado a fabricar medicamentos a partir dessa planta, precisaria ser rigorosamente fiscalizado, desde o cultivo, até os processos de industrialização, isso para que não fugisse do fim medicinal”, destacou Racib.

Outro ponto em torno desse assunto a ser discutido é quanto ao preço. O próprio farmacêutico reconhece que o valor será alto. Além disso, atualmente, o único medicamento produzido no Brasil à base de maconha é o ‘Mavatyl’, indicado para pessoas com esclerose múltipla, que chegou ao mercado em 2018, à época, com custando, em média, R$ 2,2 mil.

Ao O PROGRESSO, o profissional já havia ressaltado que, “caso o preço dos medicamentos à base de maconha cheguem às farmácias com preços tão altos, poucos estabelecimentos vão disponibilizar e menos pessoas terão acesso”, disse o farmacêutico.

Os efeitos no organismo 

Importante ressaltar que, como já mencionado no início desta reportagem, o medicamento visa amenizar os impactos das doenças nos pacientes, proporcionando até mesmo sensação de ‘bem-estar’, já que envolvem a liberação de serotonina, noradrenalina, dopamina, endorfina, prostaglandinas, glutamato e outros neurotransmissores.

Tratamentos à base da Cannabis também pode proporcionar, desde que em doses certas e indicadas por um médico, melhor qualidade do sono, alívio da dor, redução nas crises convulsivas, do humor, do apetite, das doenças neurodegenerativas e até́ mesmo do ritmo intestinal.

Venda

De acordo com a Anvisa, a recomendação é que os “remédios” precisam ser chamados de “produtos à base de Cannabis”, uma categoria especial, não sendo incluídos, a princípio, na classe de medicamentos. O órgão argumenta que a escolha se justifica por falta de “segurança científica”: empresas ainda precisam testar a substância em mais estudos que comprovem sua eficácia e segurança.