Entrevista

Zé Elias revolucionou Dourados na infraestrutura na década de 80

Ex-prefeito que deixou tantas “marcas” considera “fundamental” a revisão do Plano Diretor da cidade

20 DEZ 2020 • POR • 10h00

Da década de 80 para cá, quatro prefeitos deixaram suas “marcas” na história de Dourados, com obras e ações nas áreas de infraestrutura, educação, saúde e meio ambiente, dentre outras. Pela ordem, o engenheiro José Elias Moreira, o também engenheiro Braz Melo e o geógrafo Laerte Tetila.

Esse processo começou na gestão do ex-prefeito José Elias Moreira (1977 a 1982) e duas siglas resumem a gama de ações desenvolvidas no período: Prodegran (Programa de Desenvolvimento da Grande Dourados), que vigorou de 7 de abril de 1976 a 31 de dezembro de 1978 e foi o primeiro projeto do Governo Federal diretamente para cidade de Dourados e região e CURA (Comunidade Urbana de Recuperação Acelerada). O Prodegran foi viabilizado por Zé Elias junto à Superintendência para o Desenvolvimento do Centro Oeste (Sudeco) antes mesmo de ser eleito Prefeito.

Zé Elias conseguiu o PRODEGRAN junto ao Presidente Figueiredo e ao então ministro do Planejamento Delfin Netto com uma proposta audaciosa: incorporar aproximadamente 700 mil hectares de lavouras ao sistema de produção agrícola do país até 1978.A relevância do PRODEGRAN pode ser observada pela presença em Dourados do Presidente Ernesto Geisel em 1976 e do Presidente João Batista Figueiredo em 1979 para o lançamento, no meio de uma multidão de mais de 15 mil pessoas, dos investimentos no programa.

Já o Projeto CURA foi lançado em 1978 pelo Governo Federal, agora com Zé Elias sentado na cadeira de prefeito. Muito do formato que a cidade tem hoje veio das pranchetas da equipe do arquiteto Jaime Lerner, à época já um dos mais conceituados arquitetos e urbanistas do país.

Sob fomento e comando do Banco Nacional de Habitação, O projeto CURA foi dividido em quatro Planos: o primeiro, segundo, terceiro e quarto, de onde se origina os nomes atuais de quatro primeiros conjuntos habitacionais da cidade. Além das ações na área de infraestrutura viária e habitacional, a gestão de Zé Elias foi marcada também pela criação dos parques ambientais Arnulpho Fioravanti e Antenor Martins.

O futuro

O ex-prefeito que deixou tantas “marcas” considera “fundamental” a revisão do Plano Diretor da cidade, elaborado na sua gestão e que veste tempo todo vem recebendo “remendos” aqui e alí. Cita o exemplo das árvores que estão caindo e literalmente tirando o sono dos moradores quando ocorrem no período noturno, por conta do risco a seus patrimônios e à integridade física. É um crítico também da expansão desenfreada do perímetro urbano e dos “espigões”, como são chamados os prédios com mais de 10 andares. “É um erro. A verticalização, se não bem planejada, causa enormes transtornos, como falta de área para estacionamento, sobrecarga da rede de água e esgoto e inúmeros outros problemas”, avalia o engenheiro, acrescentando que a revisão do Plano deve ser feita por uma equipe que tenha o que chama de “grife”. “Só obtive os recursos para pagar o Lerner porque seu trabalho era reconhecido inclusive internacionalmente. Sem desmerecimento dos nossos excelentes profissionais, um Plano desses tem que ter a chancela da Fundação Getúlio Vargas (FGV), por exemplo, que possui expertise no assunto. Isso facilita a etapa posterior e mais difícil, que é a alocação de recursos para colocar em prática o que for estabelecido pelos técnicos”, ponderou Zé Elias.