Saúde

AVC: Saiba mais sobre a doença que matou o intérprete do ‘Louro José’

Neurologista alerta que o derrame é uma das doenças que mais causa incapacidade no Brasil

23 NOV 2020 • POR Gracindo Ramos • 14h16

A morte prematura do ator Tom Veiga, intérprete do personagem ‘Louro José’, aos 47 anos, acendeu um alerta e despertou o interesse das pessoas sobre o Acidente Vascular Cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame. Neilton Veiga Júnior apresentava, de forma bem-humorada, o programa Mais Você na TV Globo, ao lado da apresentadora Ana Maria Braga. O intérprete do fantoche de um papagaio foi encontrado morto no dia 1° de novembro, em sua residência no Rio de Janeiro (RJ). A conclusão do Instituto Médico Legal (IML) para o falecimento é que o artista sofreu um aneurisma cerebral que ocasionou o AVC.

Em Dourados, o neurologista Luís Felipe Ragazzi Quirino Cavalcante explicou, em entrevista ao jornal O PROGRESSO, que o “aneurisma cerebral rompido causa o AVC hemorrágico”. Conforme ele, o aneurisma ocorre quando há dilatação do vaso sanguíneo do cérebro. Ele pode ser causado por um trauma na cabeça ou por outros fatores como a hipertensão não controlada. O aneurisma cerebral é uma das principais causas de AVC hemorrágico. “O AVC pode ocorrer em qualquer idade, sendo que, em paciente jovens, ele se torna menos comum, porém passível de ocorrer. Infelizmente, não é algo incomum”, avalia o médico Luís Felipe Cavalcanti sobre a morte do ator Tom Veiga.

Quirino, que possui residência médica em neurologia, esclarece que “o AVC é um distúrbio neurológico causado por um evento vascular cerebral, podendo ele ser isquêmico ou hemorrágico. Isquêmico é quando ocorre dificuldade do sangue em chegar no cérebro, causado por obstrução de uma artéria (entupimento de um vaso sanguíneo). E o hemorrágico é quando ocorre rompimento de uma artéria dentro do cérebro”. E complementa que, em “ambos os casos, ocorre morte dos neurônios, que são as células que comandam o nosso cérebro”.

Sobre a gravidade da doença, o neurologista alerta que, “atualmente, o AVC é a segunda causa mais comum de morte no Brasil. Sendo as doenças cardíacas a causa mais comum. A taxa de mortalidade do AVC varia muito conforme o tipo de AVC, a localização da lesão, a assistência médica realizada, idade e sexo. Sendo que, há alguns estudos nacionais que apontam para uma média aproximada de 30%”. Segundo ele, a chance de ser acometido por um derrame aumenta conforme a idade e é mais comum após os 50 anos de idade, sendo menos frequente em pacientes jovens. Mas existem casos até mesmo de crianças que podem apresentar um quadro de AVC.

Sequelas

“O AVC é uma das doenças que mais causa incapacidade no Brasil. Isso afeta não só no âmbito da família e do trabalho, mas também aumentando os custos do Sistema Único de Saúde (SUS), onerando todo o país”, esclarece o médico Luís Felipe. O AVC pode deixar sequelas neurológicas, motoras e até mesmo emocionais. Um dos efeitos mais comuns do derrame é a paralisia, que pode atingir um dos lados do corpo do paciente. Das sequelas neurológicas, podemos lista a paralisia facial, dificuldade de se expressar, desequilíbrio e perda de memória. Além dos impactos emocionais para a aceitação e recuperação da doença. Mas, de acordo com o médico neurologista, existem casos em que o paciente retoma a vida normal.

“Quando o paciente chega precocemente a um hospital preparado para atendimento de emergência de AVC, é possível fazer um tratamento que pode reverter completamente os sintomas. Infelizmente, esse tipo de atendimento é deficitário no Brasil”. Mas Luís Ragazzi ressalta que “o atendimento está disponível no SUS, principalmente em cidades onde o atendimento é bem estruturado”. Ainda segundo o especialista douradense, em outros casos, quando o AVC causa pouco dano cerebral, é possível ter melhora total do quadro através da reabilitação.

Prevenção

“A principal forma de prevenção é a manutenção de hábitos de vida saudáveis: realização de atividade física, manutenção do peso sob controle, realização de dieta equilibrada, controle de pressão arterial, glicose, colesterol, triglicerídeos, além do acompanhamento médico. O neurologista pode ajudar o paciente a identificar causas que podem levar ao AVC, ajudando na sua prevenção. Além disso, o neurologista é o médico responsável pelo tratamento hospitalar, além de fazer a identificação de causas e seguimento clínico após o AVC, ajudando na sua reabilitação”. (Luís Felipe Ragazzi Quirino Cavalcante, neurologista)