Dia a Dia

Cemitérios mais antigos de Dourados não têm controle de sepulturas

Com livros antigos e desatualizados, a administração dos cemitérios até hoje não foi informatizada para melhorar o controle da quantidade de sepulturas e corpos enterrados nos cemitérios Santo Antônio de Pádua e Bom Jesus

4 NOV 2020 • POR Marli Lange, Especial para O Progresso • 13h25

Os cemitérios públicos  Santo Antônio de Pádua e Bom Jesus, são os mais antigos de Dourados e até hoje o setor administrativo, que inclui o controle de sepulturas e corpos enterrados, não ganhou um sistema de informatização.  Por causa disso, o setor administrativo não faz ideia de quantas sepulturas existem nos cemitérios públicos. A situação causa constrangimento, pois dificulta a localização de túmulos e pessoas enterradas. Normalmente quem tem parentes enterrados em um dos cemitérios, já faz a visitação normal sem precisar buscar a administração,  mas pessoas que desconhecem os cemitérios, que queiram localizar um túmulo, fica muito mais difícil. Principalmente os jazigos mais antigos.

O Cemitério Santo Antônio de Pádua, que fica de frente para a Rua Coronel Ponciano, segundo historiadores, foi inaugurado em 1969, mas de acordo com pioneiros, desde 1.912 existem sepultamentos no local. Com o passar do tempo, a área do cemitério lotou e foi criado ao lado, o Bom Jesus, que é de frente para a Rua Palmeiras.

O controle de sepultamentos era feito em livros e mesmo com o advento da informatização e da internet, em Dourados, na década de 90, os cemitérios não receberam um tratamento adequado.  

Com o passar do tempo o controle antigo foi se perdendo, se deteriorando, passando por diversas administrações municipais sem que nenhuma delas teve um interesse em resolver a situação. Hoje o município não tem como precisar a quantidade exata de sepulturas. Tem apenas uma vaga ideia através dos livros antigos.

O diretor dos cemitérios, Ronie Romero, disse a reportagem do O Progresso, que não sabe precisar a quantidade de jazigos existentes nos cemitérios. Para isso teria que contar um por um, já que não existe um controle preciso. O controle que tinha foi “bagunçado” na administração anterior, segundo ele.

Ronie informou que a prefeitura começou a digitalizar o controle dos livros antigos.  “Agora que a gente está começando a digitalizar os livros, que ficaram bagunçados da administração anterior”, afirmou.

Um grupo de estudo fez um levantamento, de que na área de aproximadamente 10 hectares estariam enterrados entre 37 mil e 40 mil pessoas. Normalmente é essa a informação que é repassada para o público em geral e imprensa. Em Dia de Finados, esse é o número de visitantes esperado pelas autoridades municipais nos dois cemitérios.

Superlotado

Mesmo não tendo um controle, a prefeitura afirma que os cemitérios estão superlotados, e que não há espaço para novas sepulturas, ou seja, quem quiser comprar um espaço para construir um jazigo, já não há como. É permitido apenas sepultamentos em jazigos que já existem.    

Com a chegada da Pandemia do Coronavírus, a prefeitura anunciou que pretendia exumar ossadas de corpos que foram sepultados há mais de cinco anos nas covas sociais dos cemitérios públicos municipais  Santo Antônio de Pádua e Bom Jesus. O objetivo seria disponibilizar espaço para o sepultamento das vítimas do novo coronavírus (Covid-19). Na ocasião, a prefeitura informou que havia pelo menos 100 sepulturas para desocupação.

Segundo o diretor dos cemitérios, o Ministério Público Estadual barrou o projeto. 

Superlotação e abandono

A superlotação e abandono é um problema crônico dos cemitérios públicos de Dourados. Tirando a falta de manutenção e roçadas do mato na maior parte do ano, de responsabilidade da prefeitura, um dos maiores problemas, é o abandono das sepulturas por parte de familiares, muitas estão em ruínas, completamente deterioradas.

A Lei 1.067 de 28 de dezembro de 1979, regulamentada em 1984, permite a exumação das ossadas dos túmulos que estão em ruínas e abandonados. Pelo menos 90% desta situação se encontra no cemitério Santo Antônio de Pádua, o mais antigo da cidade e onde está boa parte das famílias pioneiras.

Amparada nesta lei, a prefeitura começou em 2002 um trabalho de exumação a fim de abrir novas vagas. Em 2003, a administração da época retirou 1.400 ossadas de corpos sepultados entre 1990 a 1997 e que cujas covas estavam irregulares. Desde essa época, os cemitérios, já sofrem a superlotação.