Cultura

Blue Star gravou disco com cantores douradenses

5 OUT 2020 • POR Vander Verão • 08h15

O conjunto Blue Star, de Fátima do Sul, fez sucesso em Dourados e região, principalmente nos anos 70, já que era muito requisitado para animar bailes. Aliás, os bailes eram promoções constantes naquela época. Opções infalíveis.
Em Dourados, o Blue Star animou bailes no Clube Social e no Clube Nipônico, sempre com a ‘casa cheia”. O grupo também tocou durante uma promoção de Carnaval no ginásio do CAD.

 Antes da divisão do Estado, o conjunto de Fátima do Sul se apre-sentou em cidades do Mato Grosso, como Quatro Marcos, Mirassol D’Oeste e Araputanga, dentre outras.

Em Campo Grande, o Blue Star foi contratado para tocar no Baile da Saudade, no Rádio Clube, final da década de 70. O Blue Star também se apresentou, por várias vezes, nas principais cidades da Grande Doura-dos, Vale do Ivinhema região do Cone-Sul.
O Blue Star tocava todos os gêneros de músicas. O repertório dependia de qual região seria realizado o baile. Se fosse numa cidade de grande influência nordestina, logicamente, não poderiam faltar o xote e o forró, por exemplo. Se fosse na região de fronteira, a polca e o chamamé seriam destaques, e por aí afora.

Em Dourados, vale lembrar, o repertório da banda era sempre de rock e de baladas pops. Certa vez, fui num baile em Itaporã e fiquei pasmado com o Blue Star mandando ver “Let Me Roll It”, de Paul MacCartney e Wings, do long play “Band in the Run”,  lançado em 1971 – tenho esse vinil até hoje.

Gravação de disco

No entanto, o trabalho marcante do Blue Star, em Dourados, foi a participação na gravação do LP “Os Melhores da Música Jovem Matogrossense”, em 1971, pelo selo Soncine, da Gravadora Califórnia.

Gravaram músicas os cantores Victor Wagner Conde, Leônidas Além, Georgino Silva, Anneliese, Noé Stein, Getúlio Lima Teixeira e Isaac Duarte de Barros Junior. O Blue Star foi o responsável pelo acompanhamento das músicas gravadas.
Uma das faixas do disco, “Balada do Amor Perdido”, gravada por Leônidas Além, foi composta por Divany Duante e Antonio Alves, o Ibra, que eram membros do Blue Star. 

Os discos, logicamente, foram colocados à venda nas lojas especializadas, mas os exemplares foram logo esgotados. Cada músico ficou com uma cota de discos para vender, o mesmo acontecendo com os cantores. Mas, poucas pessoas, hoje, têm uma cópia desse long play.

Pelo resultado da gravação do long play com artistas de Dourados, em maio do mesmo ano,  a gravadora enviou convite à banda de Fátima do Sul para a gravação, sem custos, de um disco (com-pacto duplo), em São Paulo. No entanto, pelos inúmeros compromissos de bailes ao longo do ano, a gravação do compacto duplo não foi realizada.

Vale lembrar que, em 2015, Paulo Dorta fez a remixagem desse LP dos “Melhores da Música Jovem Matogrossense’ em CD. Foram produzidos 100 cópias. Não deram pro cheiro. 

Paulo Dorta também produziu um vídeo da música vencedora de um dos festivais, a “Sem Você”, autoria de Antonio Carlos Guhl, interpretada por Leônidas Além. Esse vídeo pode ser curtido na página “Tudo Sobre Dourados”, que já tem mais de 10 mil visualizações.

Blue Star durou 34 anos

O Blue Star foi fundado em 1962, pelo comerciário Divany Thomaz Duarte, com apoio dos empresários Antenor Ferreira Batista e Artur Valezzi, conforme informou Antonio Alves dos Santos, o Ibra, que seis anos mais tarde, em 1968, entraria banda. 
De início, o grupo era formado por Divany (cantor e violonista), mais um acordeonista e um ritmista (pandeiro). Tinha por finalidade animar serenatas, festinhas e encontros de amigos.

Posteriormente, Divany passou a sonhar mais alto, e convidou alguns amigos, para formarem um grupo de baile. Para isso, com o apoio (aval financeiro) de Artur Valezzi, adquiriu os primeiros instrumentos eletrônicos, com os quais, o grupo iniciou sua carreira profissional, formado então com: Miro Braga (contrabaixo), Divany (cantor e guitarrista), Zé Abílio (percussão), Zé Araújo (bateria), Flávio 'Bugrão' (acordeon, posteriormente teclado) e Dirceu (trombone).

Ao longo do tempo, algumas mudanças aconteceram em sua formação, entre elas, por volta de 1964, Zé Araújo foi substituído na bateria, por seu irmão Júlio Araújo e foi convidado para guitarrista, Antonio 'Quati' (irmão do Flávio 'Bugrão').

Em 1966, foram contratados, o baterista Sergio 'Marambaia' e o guitarrista Luizinho (ambos do extinto grupo 'The Condor Boys', também de Fátima do Sul). Em 1968 entrou para a banda o Antonio 'Ibra' (cantor/Sax Alto), que posteriormente, assumiu o contrabaixo, com a saída de 'Miro' Braga.

Em 1974, foi contratado o cantor Antonio 'Luciano' (ex-banda Explosão 2.000), sendo considerado os anos 70 a partir desse período, o auge do conjunto  Blue Star: Divany (cantor), Luciano (cantor), Ibra (cantor/contrabaixo), Sérgio 'Marambaia' (bateria), Flávio 'Bugrão' (cantor/teclado), Antonio 'Quati' (cantor/guitarra) e Luizinho (guitarra/vocal).

Ao longo do tempo, segundo Antônio Ibra, outros músicos fizeram parte da banda, com destaque para: Hélio Batista (cantor), Dênis (guitarra), Abner (guitarra), os irmãos Elieser Júnior (vocal/baixo) e Emerson (bateria), Ênio Soares (trompete), Zé Neudo 'Peabirú' (bateria), Josias (guitarra), Beto (guitarrista), e Érica (cantora).

O Blue Star encerrou suas atividades no dia 31 de dezembro de 1996, com o baile 'Reveillon da Saudade', realizado com enorme sucesso e muita emoção, no Clube Aruá de Fátima do Sul, disse Antonio Ibra.