Sustentabilidade

Agroflorestas já são mais rentáveis que produção de soja

Em Dourados, “santuário ecológico” é exemplo de modelo sustentável

28 SET 2020 • POR Valéria Araújo • 14h16

Essencial para a manutenção da vida na Terra, a preservação do meio ambiente agora passa a se destacar como uma atividade rentável; em alguns casos gera mais lucro do que o modelo tradicional de produção agrícola. 

É o que aponta um estudo desenvolvido pelo WWF-Brasil em parceria com Universidade Federal do Acre, Embrapa e Secretaria Estadual de Meio Ambiente. O modelo de viabilidade que foi criado mostra que a recuperação da vegetação nativa em sistemas agroflorestais pode gerar um retorno médio anual de mais de R$ 4.500 por hectare, enquanto produção de soja, que tem uma rentabilidade maior que a da pecuária, varia de R$ 1.500 a R$ 2.500 por hectare ao ano. A pesquisa foi divulgada pelo GloboRural e leva em consideração apenas regiões da Amazônia. 

Em Dourados, o Agroecologista Antônio Weber explica, que mesmo sem conhecer detalhes da pesquisa, acredita no potencial desse modelo de negócio sustentável. Ele é precursor no município com a primeira agrofloresta biodiversa, um sitio de 14,52 hectares. 

Weber disse que 90% do que come é oriundo do que cultiva em sua propriedade que é 100% orgânica, ou seja, não utiliza defensivos ou adubos químicos. Além de garantir o alimento de sua família ele também mantém o negócio através da venda de polpas das frutas e das hortaliças e legumes que cultiva. “Dá para viver de forma confortável preservando o meio ambiente sim”, destaca observando que em muitas atividades as despesas são mínimas em relação as possibilidades de ganho. Uma delas é o plantio da cana-de-açúcar dentro da agricultura familiar para a venda posterior de seus derivados, como a garapa e o melado, por exemplo.  

Weber faz uma reflexão sobre o modelo atual de produção. “A natureza já dá respostas de que esse modelo atual de exploração capitalista e de pensar apenas na geração de lucro, está equivocado. Hoje poucos ganham muito com a exploração e apenas as multinacionais se dão bem. Todo o restante é prejudicado. Faltam políticas públicas saírem do papel que incentivem o modelo sustentável que é o melhor para a humanidade”, ressalta. 

Hoje agroecologista, Antônio Weber conta que mudou radicalmente a vida em favor do modelo de sustentabilidade. Ele trabalhava na área contábil e administrativa de grandes empresas em Dourados e decidiu mudar. Deixou os confortos da cidade e resolveu investir em na propriedade rural, em 2007.  Na época o local estava ocupado por milho e soja. Ele recuperou a área degradada com a agroflorestal e hoje vive no local com a esposa e filhos.  Já se passaram 13 anos e o lugar, que antes estava completamente degradado, se transformou praticamente em ‘santuário ecológico’.