Queimadas

Com provas suficientes, PF poderá indiciar fazendeiros por queimadas no Pantanal

25 SET 2020 • POR UOL • 15h43

A PF (Polícia Federal) já possui um conjunto de informações que considera suficientes para indiciar pelo menos quatro fazendeiros pelo início das queimadas na região da Serra do Amolar, no Pantanal de Mato Grosso do Sul.

O MPF (Ministério Público Federal) analisará a questão, e pode ou não denunciar os investigados à Justiça Federal.

A partir de imagens de satélite da Nasa (agência espacial americana) e do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), os peritos da PF encontraram vestígios que indicariam a ação humana nas queimadas nas propriedades rurais.

A PF também colheu na região depoimentos de trabalhadores das fazendas e de moradores que, segundo investigadores, dificultam a defesa dos fazendeiros.

De acordo com a análise dos peritos, os focos de incêndio tiveram início no dia 30 de junho, quase na mesma hora, em quatro propriedades localizadas na região oeste do rio Paraguai.

Para a PF e o MPF, esse fato indica que a prática de colocar fogo na vegetação para o plantio de pastagens pode ter sido uma ação combinada entre os fazendeiros. Segundo as testemunhas, dias antes de mandar seus funcionários colocar fogo nas propriedades, os fazendeiros providenciaram a retirada de todo o gado.

Fazendeiros negam ter ordenado incêndios

Nos depoimentos que prestaram à PF, os fazendeiros negaram ter mandado colocar fogo nas fazendas. "Vamos provar com as imagens de satélite da própria polícia que o fogo não começou na fazenda do meu cliente.

Mas infelizmente não tive ainda acesso ao inquérito", afirmou o advogado Newley Amarilha, que defende o fazendeiro Ivanildo da Cunha Miranda, proprietário da fazenda Bonsucesso, uma das quatro propriedades em que as queimadas ocorreram.

Em uma das fazendas, foram apreendidas várias armas de fogo e munição. O delegado da PF que comanda as investigações, Daniel Rocha, disse ao UOL que a operação foi desencadeada depois de uma minuciosa análise das imagens de satélite feita por peritos de Brasília que praticamente "deram o mapa da trajetória do fogo".

"Quando sobrevoamos a região, vi uma imagem que jamais podia imaginar. Um mar de água doce transformado em fumaça e fogo." O delegado aguarda a transcrição das conversas telefônicas e os laudos da perícia para concluir o inquérito.

"Fizemos a perícia nas propriedades e temos indícios de que os incêndios foram provocados a fim de criar novas áreas de pastagens", disse Rocha.

Os proprietários devem ser indiciados por danos às áreas de preservação permanente e unidades de conservação, incêndio e poluição. As penas previstas na legislação, somadas, podem chegar a 15 anos de reclusão.

Fogo ainda se espalha pelo Pantanal

Três meses depois, as queimadas na região continuam a provocar prejuízos. Nesta quarta-feira (23), o fogo chegou ao Parque Nacional do Pantanal e ao corredor que liga a Serra do Amolar ao Parque Encontro das Águas, em Mato Grosso, considerado o maior refúgio de onças pintadas do mundo.