Dourados

Ginásio do CAD, sonho, realidade e frustração

20 SET 2020 • POR Vander Verão/ Especial para O Progresso • 15h32

No anos 70, os douradenses sonhavam com um ginásio de esportes coberto, que oferecesse todas as condições para a prática de esportes e, também, que fosse utilizado para eventos culturais, principalmente relacionados a shows musicais.
A diretoria do Operário Esporte  Clube - equipe fundada pela família Saldivar -, que era presidida pelo advogado Milton José de Paula, concretizou esse sonho da comunidade  com a construção do ginásio, em modernas instalações, com capacidade para 6 mil pessoas.


A inauguração aconteceu na noite do dia 1º de setembro de 1978 com toda pompa e homenagens. Após o ato festivo, o ginásio sediou  os Jogos Estudantis Infantis, com duração de cinco dias, envolvendo equipes dos colégios de  Dourados, além de representantes de Campo Grande, Corumbá, Aquidauana, Três Lagoas, Ponta Porã e Rio Verde.
O ginásio tinha cadeiras sociais, dois vestiários com instalações sanitárias,  um camarim, duas bilheterias com três guichês em cada uma, quatro portões de entrada e saída, três cabines para rádio e televisão, quadra com piso de assoalho especial, para a prática de futebol de salão, voleibol, basquetebol e handebol, 30 refletores à luz de mercúrio, com 400 watts cada uma e tabela móvel de acrílico, para basquetebol.


O ginásio foi construído na Vila Matos, pela construtora Nosde Engenharia, com previsão de custo inicial de 3 milhões e meio de cruzeiros. O Operário, até a data da inauguração, tinha quitado cerca de 350 mil cruzeiros. O restante, dependeria de promoções futuras para quitar a dívida com a Nosde e ser, realmente, o proprietário do empreendimento.
Posteriormente, o Operário deixou de existir dando lugar ao Clube Atlético Douradense (CAD). Fusão. Por isso, o local passou  a ser chamado de ginásio do CAD.


O time de futebol do CAD, vale lembrar, fez sucesso na década de 80 e chegou a disputar a série B do Campeonato Brasileiro, em 1989. Dario, o Dadá Maravilha, vestiu a casa do CAD em 1986, seu último clube.
Cargas d’água, o CAD foi desativado e o ginásio ficou abandonado e, com o tempo, servindo até  de  abrigo para marginais. No final de 2005, a estrutura do ginásio começou a ser demolida para dar lugar a um condomínio.
Hoje, só restam lembranças de um local que sediou  importantes eventos esportivos e culturais, numa época que podemos considerá-la, realmente, como de ouro no setor de entretenimento douradense.


As edições do Fempop (Festival de Música Popular), no fim da década de 70 e nos anos 80,  são inesquecíveis. Foram revelados valores como Élzio Lima, Carlos Fábio, o saudoso Nildo Pacito, Miguel de Oliveira, José Edir (o Mikimba), Célia Cristina (hoje, Célia Held), Rosana Prado Miguel (hoje,  Rosana Peralta), enfim, dezenas  de cantores.
O ginásio foi palco de inúmeros shows com nomes consagrados da música brasileira como Luiz Gonzaga, Sivuca, Zé Geraldo, Made in Brazil, dentre outros.
O ginásio também foi utilizado para bailes de carnaval, numa época em que a festa do Rei Momo era uma atrativo infalível.              
O futebol de salão também marcou época no ginásio do CAD com a realizações de seguidos campeonatos e torneios, envolvendo equipes locais e da região.
Enfim, o sonho real acabou. E restam poucas fotografias.