Cultura

Xote, da bateria à gaita, uma presença marcante

8 SET 2020 • POR Vander Verão, especial para O Progresso • 07h39
Moacir, Xote, Piola, Tim e Armando - Acervo do Tim

O setor musical de Dourados sempre foi recheado de excelentes músicos, principalmente a partir da década de 70. Foram vários os personagens que, de uma forma ou de outra, contribuíram para o incremento da nossa música. E um desses personagens marcantes é o Xote. Simplemente, Xote. Poucos sabem o seu verdadeiro nome.  

Xote nasceu em Amambai onde participou da formação da primeira banda musical daquela cidade fronteiriça, nos anos 60. No início da década de 70 ele veio para Dourados e deu continudade à sua carreira de músico.

Xote logo se juntou ao guitarrista Moacir Costa e formaram uma parceria que só foi desfeita com a morte do “Velho Moa”, no dia 5 de maio de 2018.

Moacir que liderava o grupo “Selvas”, morava ao lado de minha casa, no Jardim São Pedro. Ele não tinha hora para tocar guitarra e nem o Xote para ensaiar na bateria para o desespero dos vizinhos. Minha mãe ficava incomodada, mas, logo foi se acostumando com tanto barulho. Meu pai, nem tanto. Foi aí que conheci a dupla. O baixista Tim Sgaravatti também participava dos ensaios na casa do Moacir.

Depois, Moacir, Tim, Xote, Piola e Armando Piaí formaram o “Aquarius”, uma das mais importantes bandas daquela época, presença garantida nos bailes no Clube Social. O grupo também realizou inúmeras apresentações em toda a região.

Posteriormente, Xote fez parte do grupo “Asa Delta”, juntamente com Moacir, Tim, Piola e Armando Piaí, dentre outros músicos já que, posteriormente, ocorreram troca de componentes.

Ao longo dos anos Xote sempre esteve ao lado de amigos fazendo som, com gaita de boca acoplada no violão, em bares, lanchonetes, clubes, serenatas, enfim, não tinha hora ruim. No entanto, infelizmente, ele teve um problema na gargantura que o incomoda até hoje.

Além desse problema de saúde, Xote sofreu um grande “baque” com a morte do amigo Moacir Costa.

Como bom rockeiro, Xote sempre foi irônico e irreverente. Certa vez, ele pagou a conta num bar, na Marcelino Pires, com cheque. Mas, ao invés de assinar seu nome verdadeiro, mandou ver “James Dean”. Lógico, o cheque voltou. Dias depois, retornou ao bar e quitou a dívida. Isso, depois de pedir mil desculpas. Essa história ele mesmo me contou.

Num sábado, no início dos anos 80, tomamos todas na Tati Lanches, do Ramão Verão, na Marcelino Pires. Em seguida, fomos para minha casa ouvir rock. Já meio “borracho”, Xote começou a cantar alto e estridente. Meu pai, então, interferiu e indagou: “O rapaz tá passando mal, vamos interná-lo?”. Respondi: “Pai, o Xote está apenas imitando a Janis Joplin”.

De lá para cá, toda vez que encontro o Xote, ele lembra disso. “Como foi que o teu pai disse mesmo?”.  E eu: “O rapaz tá passando mal, vamos interná-lo?”.

“Hahahaha...”.