DOURADOS

Enquanto a corporação segue sobrecarregada, concursados da Guarda esperam por convocação fazendo o bem

Déficit na corporação chega a pelo menos 60 agentes afastados da função

28 JUL 2020 • POR Vinicios Araújo • 08h31
Foram cerca de 21 doadores nesta ocasião. São pelo menos 185 aprovados no processo seletivo de 2016 aguardando a chamada. - Divulgação/O PROGRESSO

O grupo remanescente de concursados da Guarda Municipal segue realizando ações solidárias enquanto esperam pela convocação do tão sonhado concurso público. Desta vez, como em outras ocasiões, integrantes da lista de espera foram até o Hemosul e doaram sangue, abastecendo o banco que ficou deficitário por conta da pandemia do novo coronavírus. 

Foram cerca de 21 doadores, que se mobilizaram através de grupo no WhatApp dividindo-se em escalas. Ao todo, pelo menos 138 aprovados no processo seletivo de 2016 aguardam a chamada para integrar a corporação. 

Conforme ação do Ministério Público Estadual, a Prefeitura de Dourados vem descumprindo a lei que regulamenta a implementação das guardas municipais desde 2018. Conforme a legislação, considerando o índice populacional, Dourados deveria ter 200 agentes na ativa. No entanto, estão integrando o órgão apenas 185 servidores. 

A diferença de 15 guardas municipais parece pouca, mas não é considerando o volume de atribuições. Hoje, na cidade, a corporação executa um papel fundamental não só na proteção ao patrimônio público, mas na segurança da população. A GM tem atuado lado a lado com as forças policiais, combatendo o tráfico de drogas, a violência doméstica, crimes de trânsito entre muitos outros. 

Agora, com a pandemia do novo coronavírus, a demanda aumentou. É a Guarda que fiscaliza se os douradenses estão cumprindo as determinações de prevenção ao contágio do novo coronavírus. Inclusive, foi numa das barreiras sanitárias que o assassino confesso do secretário de Agricultura Familiar de Dourados, Júnior Bittencourt, foi preso. Ele estava foragido, até que acabou abordado por uma guarnição da GM na saída para Itaporã. 

Se não bastasse o aumento da demanda, o comandante da Guarda ainda revela que o déficit não fica apenas em 15 servidores, comparado ao ideal. Divaldo Machado revelou que mensalmente cerca de 20 servidores são colocados em férias, outros 10 estão afastados por integrar grupo de risco para Covid-19, e além disso, ainda há cerca de 15 agentes em isolamento domiciliar devido o surgimento de sintomas gripais.

"Se um da guarnição tem sintomas gripais, afastamos todos da viatura: o chefe, o motorista e o auxiliar para fazerem o exame de covid-19", afirmou. 

Machado garantiu que a prefeita Délia Razuk até iria fazer a convocação de pelo menos 20 remanescentes, porém não o fez por justificativa da própria pandemia. "Na verdade a prefeita até ia chamar mais vinte [concursados], conforme acertado com o Ministério Público, mas devido a pandemia fica difícil de dar curso de formação, com duração de 4 meses aproximadamente. E um curso online não caberia, porque existem muitas aulas práticas", explicou. 

Ele garante que não há previsão para as convocações enquanto a curva de contágio da Covid-19 não abaixar. 

O problema é que a validade do concurso é para setembro. Uma ação civil pública segue em andamento na 6ª Vara Cível de Dourados, sob o comando do juiz José Domingues Filho. A ação foi despachada em abril, e até o momento não há nenhuma movimentação adicional. Questionado, o gabinete do magistrado afirmou que Domingues Filho retorna de férias no dia 3/08, não podendo ceder informações sobre quando a questão das convocações deve ser analisada.