Covid-19

Óbitos por Covid-19 crescem 230% em MS nos últimos 30 dias

29 JUN 2020 • POR Flavio Verão • 08h06

O número de casos de coronavírus em Mato Grosso do Sul tem aumentado muito nas últimas semanas. Em 30 dias o Estado passou de 900 registros da doença para mais de 6 mil. Os óbitos também cresceram: 230%. A cidade de Dourados é considerada epicentro da doença.


A maioria dos municípios do interior não tem UTI e grande parte dos pacientes estão sendo levados para Campo Grande ou Dourados. Somente na Capiral, a taxa de ocupação das UTIs já está em 64%. As autoridades temem um colapso no sistema de saúde no mês que vem.


Dourados é a segunda maior cidade do Estado, com 220 mil habitantes, quantidade de população quatro vezes menor se comparado a Campo Grande. Há um mês a cidade do interior tinha pouco mais de cem casos e agora passa de 2 mil, cerca de mil registros a mais que a Capital.


Um dos grandes problemas no Estado é o índice de isolamento social que não passa de 36%, quando o índice aceitável seria de 50%, embora a OMS (Organização Mundial de Saúde) recomende 70%. “Aglomerações, uso de espaços públicos sem qualquer distanciamento entre as pessoas, o não uso de máscaras, festas e mais festas em todos os bairros - seja nos bairros centrais, seja nos bairros da periferia -, e, além disso, inaugurações de espaços com grandes aglomerações [ocorreu em Campo Grande]”, destaca Geraldo Resende, secretário estadual de Saúde.


Apesar de Mato Grosso do Sul ser um dos estados brasileiros com menor número de casos e mortes, o coronavírus trouxe impactos importantes na saúde e na economia e mudou a rotina dos 2,7 milhões de habitantes. Mas autoridades de saúde estão preocupadas com o crescimento ascendente de casos e temem colapso para o mês que vem.


Para frear o contágio, quem entra em várias cidades precisa passar por barreiras sanitárias. Se tiver febre, é encaminhado para fazer o teste rápido. Além disso, todos os carros são desinfectados antes de seguir viagem. Toque de recolher foi implantado nos municípios, no entanto, o distanciamento social tem sido o principal entrave.


O uso de máscaras passou a ser obrigatório em todo o Estado há uma semana. Em Dourados é fácil perceber as pessoas com a proteção no centro da cidade e nos supermercados. No entanto, a realidade é bem diferente nos bairros, locais onde é fácil encontrar rodas de pessoas. O município tem decreto que proíbe aglomerações até em frente de residências, mas não há fiscalização para educar tanta gente que insiste descumprir as medidas. 
A Reserva Indígena de Dourados, a maior urbana do país, com mais de 17 mil pessoas, também enfrenta problema com a pandemia. Mais de 100 indígenas foram contaminados e houve registro de morte. Por lá a situação é mais crítica, devido muitas famílias não terem acesso a necessidades básicas como rede de água, tornando o combate da doença ainda mais difícil. 


Lideranças têm criado barreiras para impedir o acesso de não índios na reserva. Equipes de saúde da prefeitura, governo do estado e universidades foram para o local e realizaram testes em boa parte da comunidade. Aqueles que são diagnosticados com a doença e possuem quadros clínicos normais são encaminhados para uma casa de retiro da igreja católica, para isolamento social.