Covid-19

Abin previu aceleração da pandemia e não indicou cloroquina

31 MAI 2020 • POR Mateus Vargas/Terra • 11h02

Nos relatórios enviados ao Palácio do Planalto, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) destacou a alta subnotificação de casos da covid-19 por falta de kits para diagnóstico. O órgão responsável pelas informações reservadas do presidente destacou que há "dúvidas" sobre a proporção de infectados pelo coronavírus em relação a outras complicações respiratórias. Neste cenário, a agência usa a alta de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) para estimar suspeitos da pandemia.

A equipe de inteligência afirmou, no último dia 12, que a proporção dos novos casos do Brasil sobre dados globais é mais relevante do que aparenta. "A participação do Brasil torna-se mais significativa se for considerado que o País tem 10 a 15 vezes menos testes diagnósticos realizados por milhão de habitantes que os demais (países) e, portanto, é provável que os números brasileiros estejam subestimados e sejam de maior proporção do que os apresentados", diz um dos relatórios.

Para a Abin, "circunstâncias locais" têm grande impacto sobre a subnotificação de casos. A agência cita Minas Gerais como exemplo. No fim de abril, o órgão observou que os dados daquele Estado eram pouco confiáveis, pois o número de suspeitos acabava sendo 30 vezes maior do que o de casos confirmados.

 

Estudo feito pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) apontou elevada subnotificação da doença no Estado. De janeiro a abril de 2020, Minas registrou cerca de 200 mortos pela covid-19. No mesmo período, no entanto, houve 539 óbitos por SRAG, uma elevação de 648%, segundo o estudo. Para os pesquisadores, é forte a hipótese de que mortes por coronavírus não tenham sido identificadas por falta de testes.

 

Em 13 de maio, a Abin afirmou que o País está na fase de "aceleração da epidemia". "Além disso, o Brasil ainda tem testagem com baixa representatividade (cerca de 3 mil por 1 milhão) e distribuída de modo não uniforme, o que impossibilita avaliar de forma precisa a incidência e sua evolução em cada cidade", argumentou a agência.