Dourados

Sem testes suficientes, populacão precisa cumprir isolamento social

1 ABR 2020 • POR Valéria Araújo • 19h17

A falta de testes tem limitado o diagnóstico de coronavirus apenas aos casos graves, ou seja, em pacientes com quadro crítico do ponto de vista pulmonar e com alterações severas. Os casos de sintomas leves devem "permanecer nas suas residências, afastados do ambiente social, de circulação", conforme orienta o Ministério da Saúde.  

Foi o que aconteceu com a servidora pública Nathália Premuli, em Dourados. Mesmo com todos os sintomas, inclusive crise respiratória, ela não conseguiu o diagnóstico. Ao O PROGRESSO ela conta que no último sábado procurou a Unidade de Pronto Atendimento (Upa-24) após apresentar febre, dor no corpo, tosse e falta de ar e saiu de lá sem saber o que tinha. 

“Depois de três dias me sentindo mal, cheguei por volta das 17h30 de sábado na Upa e passei pela triagem. Esperei mais de 2 horas e meia na recepção para me chamarem até a área do consultório. A médica perguntou se eu gostaria de tomar soro, já que eu não conseguia me alimentar, me receitou Paracetamol e Dipirona e orientou para que eu voltasse para a casa e se piorasse era para retornar a unidade. Não me pediram o teste, não me perguntaram se havia tido contato com casos confirmados de coronavirus e fiz o que me recomendaram. Assim como eu, outras pessoas suspeitam que poderiam estar com a Covid-19, inclusive contaminando outras pessoas no hospital e no caminho até a unidade de saúde. Foram duas horas de espera na recepção tendo contato próximo com várias pessoas”, alertou. 
O PROGRESSO procurou a Assessoria de Comunicação da Prefeitura que informou que o município segue o que orienta o Ministério da Saúde em relação aos testes. 

Subnotificação
Um dos maiores problemas de não se aplicar o teste em massa, conforme recomenda a Organização Mundial da Saúde é justamente a subnotificação de casos, ou seja, o número pode ser muito maior considerando diagnósticos que deixaram de ser feitos no País. 

Disponibilidade de testes 
De acordo com o Ministério da Saúde a disponibilidade de testes nos países produtores, como China e Estados Unidos ainda preocupa. “Há um desabastecimento global de insumos para produção dos testes, ou seja, acaba afetando a disponibilidade”, afirmou o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Wanderson de Oliveira, ao jornal de Brasília. 


Testes rápidos 
O Ministério da Saúde informou ontem que já estão em solo brasileiro as primeiras 500 mil unidades de testes rápidos para diagnosticar o coronavírus (Covid-19). É o primeiro lote de um total de 5 milhões adquiridos pela Vale e doados ao Ministério da Saúde.

Os testes serão usados em profissionais que atuam na área de saúde que atuam nos postos de saúde e hospitais de todo o país, além de agentes de segurança, como policiais, bombeiros e guardas civis que estejam com sintomas da Covid-19. A ideia é que estes profissionais que estão na linha de frente do atendimento à população, garantindo cuidados médicos e de segurança, recebam o diagnóstico e tenham a oportunidade de retornar, de forma segura, as suas atividades, que são consideradas essenciais.