OPINIÃO

Reflexões no primeiro caso registrado em Dourados de COVID-19

28 MAR 2020 • POR Vito Comar, articulista • 14h05

Independentemente de qualquer teoria de conspiração global, maquinação política, estratégia econômica - dos que movimentam perversamente as sorte da humanidade e mandam nos governos de fachada, pois que mandam não são governos, mas consórcios maquiavélicos e inscrupolosos, com planos inimagináveis de controle massivo de inteiras populações -, de qual seja a origem do COVID-19, animal ou humana, direta ou indiretamente, teremos que ficar em casa agora mais do que nunca. 

Se nós douradense já não o fazíamos, agora está mandatório e absolutamente necessário como a documentação científica, embasada nos países mais atingidos, o comprovou nas últimas semanas por simulações matemáticas baseadas em evidências estatísticas específicas e bem relativizadas. A melhor solução atual é o isolamento social, mesmo que, por uma avaliação econômica de certas tendências deshumanas, deixar alguns idosos morrer, mas manter a economia em vida possa aparecer como a mellhor solução custo-benefício. Sem dúvida, após o COVID-19, nada mais será o mesmo e é AGORA que precisamos já pensar em sistemas solidários, diametralmente opostos ao atual paradigma competitivo, entendendo, pela primeira vez de forma clara e visceral que “Somos células do mesmo corpo, folhas do mesmo ramo, flores do mesmo jardim!” (Bahá’u’lláh).

A crise economia, que principalmente atinge nossas economias informais - os de baixa ou nenhuma renda, pequenos e médios empresários, agricultores familiares, populações indígenas e tradicionais -, vai precisar ser respondidas com sistemas de redes solidárias, produção de alimentos local para consumo local, agricultura urbana, distribuição cidadã por meio de redes informais de apoio, conselhos locais, novos paradigmas de governança, comunicação e informação esbelta e eficaz, a emergência de uma liderança humilde e de serviço aos demais, embasada num caráter íntegro e bondoso, que tenha a justiça na cabeça e o amor sincero e desinteressado no coração. 

Agora sim, neste período de transição entre o momento atual e a crise econômica e social que nos espera e que exige estas mudanças estruturantes na construção de uma cidadania efetiva e eficaz – a emergência de uma política pública participativa, baseada na distribuição equitativa dos resultados dos produtos positivos do saber -, torna-se sábio usar bem o tempo em casa. Isto que dizer, manter a serenidade, a alegria de viver, PARA AUMENTAR NOSSA RESISTÊNCIA EMOCIONAL E IMUNIDADE, a convivência amorosa, o apoio e solidariedade a quem precise, aprender a nós amar, iniciando por nós mesmos, a nossx companheirx, criar situações e ambientes  divertidos, organizar bem o tempo, dormir bem à noite e fazer siesta após o almoço. Brincar muito, tocar, cantar, dançar, ouvir música que eleve, que alegre, se exercitar, exercícios de yoga respiratórios, meditar, orar, ler textos edificantes, aprender coisas novas, planejar o depois do isolamento, explorar nossa mente, coração e cérebro. 

Como o nosso propósito comum é conhecer e amar, é uma esplêndida oportunidade, onde ecoam as sábias palavras de Bahá’u’´lláh escritas há mais de 150 anos atrás: “A ordem atual foi avaliada e encontrada lamentavelmente defeituosa, brevemente ela passará e uma nova será estendida em seu lugar. Estas lutas infrutíferas, estas guerras runinosas hão de passar e a Paz Máxima há de chegar!”  A vida individual e a coletiva da humanidade se desenvolve em ciclos, enquanto a casca da semente apodrece, a nova vida nela entesourada encontra crescimento e expressão no mundo visível. Enquanto na escuridão, dentro da fria e inóspita lama, no fundo da lagoa, o lírio aquático sabe que a luz, o calor e a energia o esperam acima da água lamacenta e, vencendo todas etapas, se abre branco, puro e viçoso à luz do sol. Assim nossa humanidade, hoje deshumana, sujeita aos rigores da poda do amoroso jardineiro, hei de vencer, recuperar a consciência da sua transcendência, renovar suas forças e, a partir de instituições novas, inspiradas e inspiradoras, lançar na praia da vida as sementes de uma nova civilização.
 

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