SAÚDE

Coronavirus: psicóloga orienta sobre como prevenir depressão e ansiedade

Aumento vertiginoso do contágio, impactos na economia e incertezas sobre o futuro podem afetar o emocional e desencadear problemas mais graves

26 MAR 2020 • POR O Progresso • 09h20
Vanessa Figueiredo, psicanalista. - Divulgação

Diante de um surto que já afetou todo o mundo, com milhares de mortes e as pessoas sendo obrigadas a mudar completamente suas rotinas, encarar a crise do novo coronavírus não é tão simples quanto se espera. O aumento vertiginoso do contágio, impactos na economia e as incertezas sobre o futuro podem afetar o emocional. 

A psicóloga e psicanalista Vanessa Figueiredo, garante que o momento da crise é suscetível para o desencadeamento de transtornos, por isso orienta que a população busque alternativas que amenizem os impactos na saúde mental. 

“A crise existe, a gente precisa reconhecer. Está todo mundo preocupado, com medo, mas isso não significa que é o fim. O que a gente precisa entender que o pânico, o desespero, não é alternativa nesse momento”, afirma.

Para a analista, estratégias de ocupação podem aliviar as tensões do dia a dia em quarentena. “É importante que as pessoas se ocupem, brinquem com as crianças, façam faxina, exercitem-se, aproveitem o tempo para ler, desenvolver habilidades. Se o noticiário perturba, desliga um pouco a TV e vai cuidar do jardim, tocar uma música, coisas que vão na contramão da angústia”, orienta.

Ela também aconselha as pessoas a utilizarem a tecnologia em favor da proximidade que foi comprometida. “Nesse período, uma das medidas mais difíceis é o distanciamento social, especialmente para os idosos que fazem parte do grupo de risco. Nessas horas é comum sentimentos de solidão, desamparo, por isso precisamos utilizar a tecnologia ao nosso favor. Liguem, façam vídeo-chamadas, conversem sobre o dia, a rotina. Evitar falar do caos também é importante, buscando ressaltar os bons momentos”, explica. 

No trato com as crianças, a especialista afirma que é importante os pais contarem a verdade sobre a crise, buscando estimular a criatividade da criança para compreender. “Eu mesma disse pro meu filho que tem um vírus lá fora e que agora a gente precisa se proteger. Ele disse pra mim que iria lutar contra o vírus e acabar com ele. É assim que as crianças vão ver esse momento, com fantasia, com ficção. Estimular a conscientização dos pequenos na linguagem deles é muito importante”, acrescenta. 

Sobre a preocupação diante da iminente recessão econômica, já prevista pelos especialistas da área, Vanessa afirma que de fato não há uma ‘receita de bolo’ para resolver o problema, mas que manter a calma possibilita tomada de decisões mais claras e assertivas. 

“O desespero não ajuda nesse momento. A gente sabe que teremos impactos duros por conta dessa crise e se quisermos que passe rápido precisamos nos adequar às recomendações de prevenção. Ficar preocupado excessivamente não contribui, na verdade atrapalha. Então o ideal é manter a calma e buscar alternativas de recuperação eficientes”, afirma. 

Questionada sobre quem já enfrenta transtorno como depressão, ansiedade e síndrome do pânico, Vanessa volta a ressaltar a necessidade de manter a calma e acrescenta que para essas pessoas é indispensável a conversa com pessoas que elas confiem, seja um familiar, um amigo, ou um especialista que já atenda o paciente. 

“A conversa ajuda a aliviar a tensão, a angústia. Essa angústia é real, afeta as pessoas, mas através do falar nós formatamos nossos medos, elaborando as causas dessa crise, dessa dor. Eu mesma não interrompi meus atendimento, agora os faço por videochamada, e isso tem sido importante para os meus pacientes. Então, quem tem esses transtornos, já os tinha antes do coronavírus, o compromisso agora é não interromper o processo clínico e manter a calma. Isso é o mais importante”, afirma.