Dourados

Suposto esquema na Saúde não teria poupado nem marmita de pacientes

Relatórios apontaram para indícios de irregularidades em contratação de médicos, uti, lavanderia e até alimentação, passando de R$ 3,5 milhões o suposto prejuízo

8 NOV 2019 • POR Valéria Araújo • 17h56
Hospital da Vida de Dourados - Divulgação

Relatórios da Controladoria Geral da União (CGU), que foram base da Operação Purificação II da Polícia Federal, apontaram para indícios de irregularidades em vários contratos da Saúde de Dourados na gestão da Prefeita Délia Razuk. Os documentos apontam para supostas fraudes em setores como a contratação de médicos, utis, lavandaria e até mesmo na marmita que era servida para pacientes e acompanhantes dos hospitais Da Vida e Unidade de Pronto Atendimento Médico. A operação culminou com a prisão preventiva do ex-secretário de Saúde, Renato Vidigal, que estava na função de coordenador do Samu e do sócio dele, Rafael Henrique Augusto.  

No caso da alimentação, a CGU detectou suposta irregularidade no processo de dispensa de licitação, como o fato do procurador da empresa que venceu o processo, ter vínculo com os dirigentes da Secretaria de Saúde de Dourados. A CGU apontou ainda para indicativos de montagem processual para a dispensa de licitação e favorecimento da empresa investigada, além de supostas irregularidades no Pregão para a contratação da mesma, e a restrição do edital completo, o que caracteriza condições restritivas para as concorrentes, assim como a exigência indevida de registro profissional do responsável técnico junto ao Conselho Regional de Nutricionistas do local onde seria prestado o serviço. Essas, entre outras exigências,  foi entendido como forma de restringir a participação de empresas e privilegiar a que foi vencedora. Situações semelhantes foram encontradas em contratos com a lavanderia, contratação de médicos para plantões e UTI do Hospital da Vida, pelo grupo investigado.  

As apurações tiveram início a partir de denúncias de fraudes em licitações, com direcionamento a empresas vinculadas a agentes públicos da Secretaria de Saúde. Em trabalhos de fiscalização, os auditores da CGU também detectaram supostas irregularidades em contratações com recursos do SUS na área  de transporte de pacientes e de uso de software de gestão.

Os contratos sob investigação perfazem um total de R$ 3.509.814. O valor do montante supostamente desviado será devidamente calculado no decorrer da apuração pelas autoridades competentes – até o momento, já existem evidências de prejuízos da ordem de R$ 200 mil.

 

Diligências

 

Delegados da Polícia Federal de Dourados durante coletiva com a imprensa (Foto: Adilson Domingos)

 

Operação Nessum Dorma Adsumus e Purificação da PF,  cumpriu oito mandados de busca e apreensão em residências, sedes de empresas, bem como em órgãos públicos, sendo sete em Dourados e um em Presidente Epitácio (SP). Também foram executados dois mandados de prisão preventiva. O trabalho contou com a participação de três auditores da CGU e 24 policiais federais.