O que é darwinismo digital, a mudança digital que está transformando muitos negócios no mundo

Redes sociais, smartphones, Internet das coisas, tempo real -- essas são algumas das tecnologias que estão mudando os mercados. Transformações em como as pessoas se comunicam, conexões e descobertas estão levando implicações em vários negócios e na vida cotidiana.

Para analistas, no entanto, a real ameaça e oportunidade nessa mudança tecnológica se liga com a evolução do consumo e do comportamento, valores e expectativas dos clientes.

As empresas se deparam com um dilema à medida que investem seus recursos e receitas em tecnologias atuais e em estratégias de negócios e se veem em ambientes incertos nos quais esses investimentos podem ou não se alinhar às mudanças do mercado.

É por isso que, nos Estados Unidos, muitos empresários passaram a chamar o dilema de darwinismo digital. -- uma era onde a tecnologia e a sociedade estão evoluindo tão rápido que os negócios podem se adaptar naturalmente.

Em outras palavras, ele prepara o terreno para uma nova era de lideranças, de modelos de negócios, mudando por trás de um mantra de "se adaptar ou morrer". Ao invés de reagir às transformações ou ser destruído por elas, algumas empresas inovadoras estão investindo nas mudanças digitais para se adaptar a elas e superar suas concorrentes.

O conceito não é tão novo, apesar de ter sido nomeado há pouco tempo: em novembro de 2012, a consultoria de pesquisa estadunidense Capgemini publicou um estudo mostrando a maturidade digital das empresas que perseguiam transformações dessa magnitude.

A pesquisa concluiu que as companhias que mais investiram em meios digitais e na transformação da suas administrações geraram mais recentes que seus concorrentes físicos -- elas ainda são mais lucrativas e possuem valores de mercado mais altos.

"Isso tudo deriva de uma única palavra: relevância. Se o comportamento do consumidor está melhorando como resultado da tecnologia, os negócios ou competem para estar à frente dela, para reagir a ela, ou eles serão superados. Um dos aspectos mais problemáticos sobre a maturidade digital é que a tecnologia é parte da solução, mas também do problema", escreveu Brian Solis, diretor da Altimeter Group, consultoria especializada no setor, em sua coluna na revista Fortune.

Para ele, a transformação digital é um dos movimentos mais importantes do mundo dos negócios hoje. Ela está forçando as empresas a olhar para além do mundo que conhecem, a observar como as coisas estão mudando externamente e a transformar filosofias, modelos e sistemas internamente. "Pergunte a dez diferentes especialistas em transformação digital suas definições sobre ela, e terá dez diferentes respostas", contou Solis.

Um dos exemplos dessa mudança é brasileiro: a Phooto, empresa focada no mercado brasileiro, mas sediada em Miami, nos EUA. A empresa, assim como outras do setor, oferece serviços de revelação fotográficas pela internet em que o cliente recebe as imagens em casa.

Algumas delas chegam a disponibilizar entregas horas depois da seleção das fotos na internet. O público, como não poderia deixar de ser, é primordialmente formado por pessoas acima dos 25 anos, apesar do crescimento gradual de jovens.

Segundo Anik Strimper, diretora da Phooto, a tentativa da empresa é aliar a transformação digital com um nicho de mercado que, se remete ao passado, também deixou de ser ocupado por gigantes do setor.

“A fotografia não deixou de ser a eternização de um momento. Quando você fotografa algo, é porque quer guardar aquela experiência. O que está acontecendo hoje, na era dos celulares, é que esses momentos ficam perdidos na nuvem, na memória do celular. Portanto, nosso trabalho é relembrar a importância não somente de fotografar, mas de reviver o momento outra vez, de rememorar aquilo que foi vivido”, conta.

“Existem cada vez mais pessoas tirando fotos de tudo, mas também há um movimento crescente de jovens que querem revelar as fotos por causa dos pais, que ainda viveram na época em que era um serviço comum”, completa.

Neste ano, a Phooto baseou suas estratégias não apenas na revelação de imagens, mas em um tipo de fotolivro que era comum nos Estados Unidos no auge da Kodak.

Definida simplesmente, a transformação digital são as tentativas intencionais de se adaptar à fúria de tecnologias disruptivas e de compreender como isso afeta o comportamento de consumidores e de funcionários das empresas. À medida que a tecnologia se torna uma característica permanente na vida cotidiana, as organizações são forçadas a atualizar estratégias tecnológicas e apoiar metodologias para melhor refletir como o mundo real está evoluindo. "Essa necessidade está se tornando gradativamente obrigatória", afirmou Solis.

Para ele e outros analistas, o foco da transformação digital no comportamento dos consumidores está fazendo, do seu próprio jeito, que os negócios se tornem mais humanos. O fenômeno não é especificamente sobre tecnologia, mas é empoderado por ela. "Sem um fim em mente, a transformação digital vai continuar procurando como usar a tecnologia em maneiras que melhore as experiências e relações dos consumidores", finaliza o diretor da Altimeter.