Nova Gestão

Bolsonaro anuncia polêmicas fusões ministeriais

31 OUT 2018 • POR AFP • 08h45

O presidente eleito Jair Bolsonaro acertou nesta terça-feira (30) a formação de um superministério da Economia e a fusão das pastas de Agricultura e Meio Ambiente, criticada imediatamente por organizações ambientalistas.

Em discussões no Rio de Janeiro para a formação de seu governo, que vai assumir em 1º de janeiro de 2019, o capitão do Exército na reserva recebeu um sinal positivo do juiz federal Sérgio Moro para integrar o futuro governo.

Na reunião ficou decidida a criação de um superministério da Economia, sob o comando do liberal Paulo Guedes, que abarcará as pastas da Fazenda, do Planejamento e da Indústria e Comércio Exterior.

Bolsonaro diminuirá de 29 para 15 o número de ministérios, com base em seu plano de redução da máquina pública. Guedes chega com uma proposta de redução da dívida que inclui privatizações e a reforma da Previdência.

Guedes declarou na segunda-feira que apoia a independência do Banco Central, deixando aberta a porta para a manutenção do seu atual presidente, Ilan Goldfajn.

Os anúncios agradaram os mercados: a Bolsa de São Paulo fechou em alta de 3,69% e o dólar caiu para 3,69 reais, seu valor mais baixo desde abril.

Agricultura 'engole' Meio Ambiente -

O próximo chefe da Casa Civil de Bolsonaro, Onyx Lorenzoni, confirmou a fusão dos ministérios de Agricultura e Meio Ambiente, gerando severas críticas de grupos e personalidades ambientalistas, que denunciam o risco de o avanço predatório do agronegócio ameace a Amazônia e outros biomas do país.

"Agricultura e meio ambiente estarão no mesmo ministério, como desde o primeiro momento", disse Onyx Lorenzoni.

Na reta final da campanha, Bolsonaro deu sinais de que não poderia executar esta fusão, atendendo a reivindicações de seus próprios aliados, temerosos de que esta iniciativa gerasse entraves para as exportações no Brasil.

O Greenpeace lembrou disso em um comunicado.

"Os mercados internacionais e os consumidores querem garantias de que nosso produto agrícola não esteja manchado pela destruição florestal. Ao extinguir o Ministério do Meio Ambiente, reduziremos o combate ao desmatamento, perdendo competitividade, o que poderá, inclusive, afetar a geração de empregos", advertiu a ONG.

"Estamos inaugurando o tempo trágico da proteção ambiental igual a nada. Nem bem começou o governo Bolsonaro e o retrocesso anunciado é incalculável", tuitou a ex-candidata à presidência e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva.

- Moro cotado para ministério -

Outra bandeira da campanha de Bolsonaro, a luta contra a corrupção, poderá ser encarnada pelo juiz Sérgio Moro, cotado para chefiar o ministério da Justiça ou para uma eventual cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF).

Moro, responsável pela Operação 'Lava Jato' e pela condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse estar "honrado" pelo interesse do presidente eleito em tê-lo em seu governo, e declarou que avaliará a proposta quando for formalizada.

"Sobre a menção pública pelo Sr. Presidente eleito ao meu nome para compor o Supremo Tribunal Federal quando houver vaga ou para ser indicado para Ministro da Justiça em sua gestão, apenas tenho a dizer publicamente que fico honrado", afirmou o juiz de Curitiba, responsável pela operação 'Lava Jato' e pela condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.