Viagens

Por que viajar de avião hoje pode ser mais barato do que uma década atrás

21 OUT 2018 • POR da Redação • 09h30

Um estudo publicado pela Global Flight Pricing com base nos planos de voos da Rome2Rio mostra que o custo médio dos voos por quilômetro no mundo aumentaram para US$ 18,8 (R$ 75,3) neste ano em relação a 2016, ano da última pesquisa, quando o trecho custava US$ 17,75 (R$ 71,1).

Porém, os preços baixos de combustíveis para aviões e o veloz crescimento da indústria aérea fazem com que os valores cobrados por voos hoje sejam mais baratos -- ou ao menos não tão mais caros -- do que uma década atrás.

Relatórios da International International Air Transport Association (IATA) e de sites especializados que monitoram a evolução dos preços engrossam esse argumento.

O barateamento pode ser visto mesmo em períodos menores: uma viagem de Nova York para Londres custava US$ 3.160 em 2015, mas caiu para US$ 2.006 no ano seguinte. De acordo com as medições, a variação de valores nas passagens aéreas em todo o mundo entre 2006 e 2016 caíram 9,4%, algo inédito em dez anos.

O fenômeno poderia ainda mais amplo, segundo uma reportagem do jornal britânico The Guardian, que diz que a diferença de taxas cobradas entre 1996 e 2017 é de US$ 353 (R$ 1.418) a menos, considerando as taxas de inflação. A IATA ainda destacou que, em duas décadas, nunca tantas cidades do planeta foram conectadas por linhas aéreas por custos tão baratos.

De acordo com a entidade estadunidense, a queda nos preços atual fará com que a quantidade de viagens de avião pelo planeta até o fim de 2018 seja 7,2% superior ao ano passado. "Os preços médios das passagens continuam baixando em todo o mundo, apesar de aumentos sazonais", assinala Gustavo Mariotto, diretor da agência de viagens Viajanet.

Outro fator ajuda a explicar a queda nos preços: a expansão dos serviços de companhias low cost, que passaram a disputar mercados com companhias maiores, obrigando-as a baixar os preços praticados. Nos EUA, por exemplo, a American Airlines e a Delta hoje brigam com companhias como a islandesa WOW e a norueguesa Norwegian por voos entre a Europa e a América do Norte.

Isso demonstra, segundo Mariotto, que uma grande parcela dos consumidores de passagens aéreas se preocupa mais com o preço da passagem do que com os eventuais benefícios em pagar preços mais altos, como espaço para as pernas e serviço Wi-Fi durante o voo. Ainda assim, a IATA afirma que as companhias aéreas aumentaram seus lucros em até 8% com o barateamento dos combustíveis para aeronaves.

O fenômeno também pode ser visto no Brasil: segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), o número de passageiros transportados em território brasileiro aumentou cerca de 37% entre 2010 e 2015. Se naquele primeiro ano foram registrados aproximadamente 70 milhões de passageiros, o número foi para 96 milhões há dois anos.

Os preços das passagens se mantiveram estáveis entre 2016 e 2017, de acordo com Mariotto. Segundo ele, fatores como o preço do petróleo, a taxa de câmbio e a demanda incentivaram as companhias. Em alguns casos, os voos chegam a ser mais baratos do que eram no ano passado.