Aliciar policiais era fundamental para o esquema de contrabando de cigarros, afirma delegado
Estrutura com olheiros, batedores e transporte que mudava de rota para dificultar a fiscalização ainda precisava de mais uma 'ferramenta'
22 SET 2018 • POR Luiz Radai, de Dourados • 12h21Além de todo o esquema bem estruturado que a organização criminosa tinha para contrabandear cigarro pelas estradas de Mato Grosso do Sul, o aliciamento de policiais rodoviários e de policiais das forças estaduais era fundamental para que o esquema desse certo, segundo disse o delegado Cléo Mazzotti em entrevista coletiva na manhã deste sábado (22).
Conforme o delegado a principal ferramenta no aliciamento de policiais era para que estes fizessem uma espécie de ‘contra-fiscalização’, ou seja, atrapalhassem até os policiais honestos nas fiscalizações e abordagens que poderiam terminar em apreensões dos transportes ilícitos.
Conforme ressaltou o inspetor Luiz Gomes, da corregedoria estadual da PRF, foram denúncias internas que levaram a suspeita de que policiais rodoviários federais participavam desta facilitação. Assim, a corregedoria entrou em contato com a corregedoria nacional e, depois desta, com a investigação e o apoio da Polícia Federal, Ministério Público Federal, Receita Federal e, por fim, Exército Brasileiro para que dados fossem compilados e pudessem se chegar aos policiais envolvidos.
Embora tenha iniciado a partir da PRF, a operação envolve 40 mandados de prisão que demonstram o tamanho do esquema de transporte de cigarro contrabandeado do Paraguai, que movimentou um bilhão e meio de reais em 2017.
Os chefes da quadrilha haviam sido alvo de operação há 7 anos e só adentraram o Brasil novamente depois que os mandados daquela ação prescreveram.
Na operação deste sábado, seis mandados de prisão foram cumpridos contra policiais rodoviários federais, quatro contra PMs (dois já presos) e outros dois contra policiais civis. Os PRFs todos lotados na região de Bataguassu. Os demais não foram informados onde ocorreram as prisões. Até o momento da coletiva haviam sido cumpridos 29 mandados, 20 só em MS, de um total de 40. A operação continua.