Política

Lula e Delcídio são absolvidos em processo sobre obstrução de Justiça

12 JUL 2018 • POR da Redação • 16h32

O juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, absolveu nesta quinta-feira o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-senador Delcídio Amaral, o banqueiro André Esteves e outros acusados de tentar obstruir as investigações da operação Lava Jato.

De acordo com a acusação, Lula teria feito esforços no sentido de impedir que o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró firmasse acordo de delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato.

A suposta tentativa teria contado com ajuda do pecuarista José Carlos Bumlai, o banqueiro André Esteves, o ex-senador Delcídio do Amaral e mais três pessoas, todos acusados pelo Ministério Público Federal (MPF), que depois retificou a denúncia, de oferecer dinheiro em troca do silêncio de Cerveró. 

O próprio Ministério Público Federal (MPF) já havia pedido a absolvição de Lula nessa ação em suas alegações finais do processo, afirmando que não ficou comprovado que houve “uma orquestração geral para impedir que a Lava Jato avançasse”.

A defesa de Lula comemorou a absolvição e aproveitou para fazer uma crítica ao juiz federal Sérgio Moro, do Paraná, que condenou o ex-presidente à prisão pelo caso do tríplex no Guarujá (SP).

“A sentença absolutória proferida em favor de Lula nesta data evidencia ainda mais o caráter ilegítimo das decisões que o condenaram no caso do tríplex. Enquanto o juiz de Brasília, de forma imparcial, negou valor probatório à delação premiada de Delcídio do Amaral por ausência de elementos de corroboração, o juiz de Curitiba deu valor absoluto ao depoimento de um corréu e delator informal para condenar Lula”, afirmou o advogado Cristiano Zanin Martins em nota.

Lula está preso desde abril em Curitiba cumprindo condenação por lavagem de dinheiro e corrupção no caso do tríplex.

O juiz Ricardo Leite também absolveu o ex-presidente do BTG Pactual André Esteves, que também havia sido citado por Delcídio como envolvido no caso e que chegou a ser preso.

A defesa de Esteves afirmou nesta quinta-feira, em nota assinada por seus advogados, que desde o início tinha “absoluta confiança na absolvição” e que a prisão inicial de Esteves era “completamente desnecessária e abusiva”.

Delcídio, à época filiado ao PT e líder do governo da então presidente Dilma Rousseff, foi preso em novembro de 2015 por causa de uma gravação feita por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras, na qual o então parlamentar ofereceu dinheiro, influência junto ao Supremo Tribunal Federal e até uma rota de fuga em troca do silêncio de Nestor Cerveró.

Na conversa, Delcídio citou Esteves como um dos interessados na compra do silêncio do ex-diretor.

Posteriormente, em acordo de delação premiada, Delcídio acusou Lula de ser o mandante da tentativa de comprar o silêncio de Cerveró e, assim, atrapalhar as investigações da Lava Jato.