Denuncias de fraudes

14 países das Américas não reconhecem a legitimidade das eleições na Vanezuela

21 MAI 2018 • POR • 12h27
Nicolás Maduro, logo após o anúncio de vitória nas eleições deste domingo - Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
Grupo de Lima, formado por 14 países das Américas, incluindo o Brasil, declarou nesta segunda-feira (21) que não reconhece a legitimidade das eleições presidenciais na Venezuela, em que Nicolás Maduro foi reeleito presidente, e que os países irão convocar seus embaixadores em Caracas para expressar protesto. Outros países condenaram a reeleição de Maduro, enquanto Rússia e Bolívia apoiaram.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro,foi reeleito para mais 6 anos de mandato com uma abstenção de 54% em meio a uma eleição boicotada pela maioria das forças da oposição e com denúncias de fraudes. Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), a participação dos eleitores chegou a 46%, embora fontes do organismo citadas pela Reuters assegurem que no fechamento das seções eleitorais, às 18h, esse número era de 32,3%. Nas últimas eleições presidenciais, celebradas em 2013, 80% dos eleitores compareceram aos colégios eleitorais. Ao longo do dia, a maioria das ruas da Venezuela registravam muito pouco trânsito e os colégios eleitorais estavam quase vazios.

Outros candidatos


Os outros candidatos, Henri Falcón, que obteve 21% dos votos, e Javier Bertucci, com 11%, denunciaram irregularidades, disseram que não reconheciam o resultado e pediram novas eleições.

O Grupo de Lima é formado por Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia.

"Concordam em reduzir o nível de suas relações diplomáticas com a Venezuela, razão pela qual chamarão para consultas os embaixadores em Caracas e convocarão os embaixadores da Venezuela para expressar nosso protesto", acrescenta.

O comunicado do grupo informa ainda que os países reiteram sua preocupação com a situação na Venezuela e vão submeter uma resolução sobre isso à assembleia da à Organização dos Estados Americanos (OEA). Em um texto divulgado em fevereiro, a OEA tinha pedido o adiamento dessas eleições, que deveriam ocorrem no final do ano mas foram antecipadas pela Assembleia Constituinte da Venezuela.

"Reiteram sua preocupação com o aprofundamento da crise política, econômica, social e humanitária que deteriorou a vida na Venezuela, o que se reflete na migração em massa de venezuelanos que chegam a nossos países em condições difíceis, na perda de instituições democráticas, do estado de direito e na falta de garantias e liberdades políticas dos cidadãos", afirma também o comunicado do Grupo de Lima.

A nota ainda diz que o Grupo irá discutir apoio e cooperação para questões de imigração e saúde. Uma reunião sobre imigração e refúgio de venezuelanos deve ser realizada no Peru em julho.

Outros países

O Ministério das Relações Exteriores afirmou por meio de nota oficial que a eleição presidencial na Venezuela não teve "legitimidade" nem "credibilidade". Na nota, o Itamaraty disse que o governo venezuelano não atendeu as reivindicações internacionais para uma eleição "livre e justa".

"Nas condições em que ocorreu - com numerosos presos políticos, partidos e lideranças políticas inabilitados, sem observação internacional independente e em contexto de absoluta falta de separação entre os poderes - o pleito do dia 20 de maio careceu de legitimidade e credibilidade", afirmou o Itamaraty.

Chile

Pouco antes do anúncio da vitória de Maduro, o presidente chileno Sebastián Piñera tuitou: "As eleições na Venezuela não cumprem com os padrões mínimos de uma verdadeira democracia. Não são eleições limpas e legítimas e não representam a vontade livre e soberana do povo venezuelano. O Chile, como a maioria dos países democráticos, não reconhece estas eleições".

Estados Unidos

O vice-presidente dos EUA , Mike Pence, escreveu no Twitter criticando a disputa eleitoral venezuelana: "A eleição da Venezuela foi uma farsa. A América se mantém contra a ditadura e com o povo da Venezuela pedindo eleições livres e justas. O presidente tomou medidas firmes em relação à Venezuela e há mais por vir… Os EUA não ficarão de braços cruzados enquanto a Venezuela se desfaz".


Panamá

"O governo da República do Panamá não reconhece os resultados das eleições celebradas neste domingo, 20 de maio, na República Bolivariana da Venezuela, por não considerar o processo como democrático nem participativo", diz o post do governo no Twitter.

Espanha

"No processo eleitoral da Venezuela não foram respeitados os mínimos padrões democráticos. A Espanha estudará, junto com seus sócios europeus, as medidas oportunas e seguirá trabalhando para diminuir o sofrimento dos venezuelanos", disse o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, pelo Twitter.