Variedades

Viver é Preciso

30 JUN 2011 • POR • 10h17
Ao pensar no movimento planetário, um calafrio percorre meu corpo, sinto que o sangue que corre em minhas veias, fervilha, enlouquece, depara-se com ventos vindos do centro do país que o congela. São tantas as tentativas de entendimento que no decorrer do tempo perco-me nas variadas formas de apresentação da vida. O que pensam os donos do Poder no auge de sua glória nefasta e de sua retórica ultrapassada e manipuladora, dos pobres mortais? Sugam-lhe as entranhas do saber, tornando-os títeres, bonecos conduzidos pelo caminho que lhes aprouver.

Quando analisamos o contexto social no qual estamos inseridos, nos assombram caminhos percorridos para chegarmos aonde chegamos, foram tantas lutas, tantos povos subjugados, tanta miséria, tanta alienação com o “terrível monstro frio” nos devorando que fica muito difícil uma enérgica reação.

Diz o poeta; “Navegar é preciso. Viver não é preciso”, em análise geral e não profunda, de pronto podemos constatar a importância de criarmos, em nosso quadro mental, o gosto de sonhar, de sair do marasmo, criar a coragem do embate. Navegar é preciso, é preciso conquistar novos mares, desbravar novos ambientes, conquistar a inocência perdida, nesse mundo onde tudo paira a beira da loucura. Navegar, sonhar, buscar a realização dos ideais, seguir em frente em busca de nós mesmos.

Viver não é preciso, onde essa vida robótica, condicionada, desconexa da nossa essência pela falta de opção, pois que, tudo se torna planejado e implantado em nossa mente por mecanismo de controle coletivo, tão invisível que não percebemos. Dessa vida não precisamos. Precisamos conquistar o domínio de nós mesmos. Paramos por um tempo longo demais, indefinido demais, observando passivamente os caminhos apresentados e indicados como modelo de vida.

Não sabíamos aonde chegaríamos, como não sabemos ainda, por isso precisamos nos superarmos, como diz Nietzsche, em um discurso de Zaratustra: “ Chegou o tempo para que o homem se fixe em um objetivo. Chegou o tempo para que o homem semeie o germe de sua mais elevada esperança. Para isso, seu solo é ainda bastante rico. Mas um dia pobre e árido será esse terreno e nele já não poderá germinar nenhuma grande árvore.”

O tempo é esse, o momento é agora, a nossa vida é por demais preciosa para a negligenciarmos. Viver é preciso, com sabedoria, sem fraquejar diante dos embates, acordar para a verdadeira vida, sem medo e sem peias, pois nascemos livres e livres devemos continuar para escalarmos a grande montanha do saber, da felicidade da realização plena como seres humanos.
Estamos à procura de que? Pense nisso.

######*Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em Família e Políticas Públicas, Membro do Comitê de Governança Unicef Opas.


itacianasantiago@gmail.com | www.itacianasantiago.blogspot.com