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Dilma pede a governadores acordo por divisão de royalty

15 JUN 2011 • POR • 16h12


BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff se reuniu nesta quarta-feira com os governadores do Norte e Nordeste e pediu que eles ajudem o governo a construir um acordo com os demais Estados para criar um novo sistema de distribuição de royalties decorrentes da exploração de petróleo no país.

O apelo acontece no momento que há um clima generalizado no Congresso para derrubar um veto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que impede a distribuição dos royalties do petróleo, mesmo de áreas já em exploração, para todos os Estados e Municípios brasileiros e mantém a prerrogativa dos Estados produtores (Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo) de receber esses recursos.

Dilma quer evitar que isso aconteça e, ao mesmo tempo, quer a aprovação de uma regra nova para a distribuição de royalties nas áreas de exploração da camada pré-sal que ainda não foram licitadas, cuja alíquota será de 15 por cento.

A falta de uma lei clara sobre o tema impede a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) de fazer licitações dos grandes campos de petróleo na camada pré-sal.

Os governadores de Pernambuco, Eduardo Campos, e do Sergipe, Marcelo Déda, foram indicados pelos colegas para iniciar uma negociação com os governadores dos Estados produtores e encontrar um meio termo.

O objetivo do governo é concluir essa negociação nas próximas semanas e apresentar uma proposta de consenso e colocá-la em votação antes da apreciação do veto, inicialmente agendada para 13 de julho.

Segundo Déda, \'a base para negociação\' é um projeto apresentado pelo senador Wellington Dias (PT-PI), que determina a divisão de todas as receitas provenientes da exploração de petróleo e não apenas das áreas que ainda serão licitadas na camada pré-sal por meio do regime de partilha, como querem os Estados produtores.

\'Nós estamos dispostos a conversar e negociar, não queremos impor derrota a nenhum Estado\', disse Déda.

A proposta do petista prevê que os Estados produtores fiquem com 26,5 por cento da receita dos royalties. Mas o percentual é limitado à receita que eles obtiveram nos últimos 60 meses, contados a partir da aprovação da lei.

Segundo os cálculos do senador, neste ano a arrecadação de royalties chegará à aproximadamente 25 bilhões de reais, cabendo aos Estados produtores cerca de 9 bilhões de reais, valor que se tornariam o teto de arrecadação para os próximos anos.

O restante da receita arrecadada com royalties seria distribuída em 40 por cento para a União e 60 por cento para Estados e Municípios não produtores.

Pelo projeto, esses recursos teriam destinação obrigatória, senod 40 por cento destinados à educação, 30 por cento para a saúde e outros 30 por cento para infraestrutura.

OUTRO LADO


Já o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que o projeto do colega petista não serve como base para iniciar a discussão por um acordo em relação à distribuição de royalties.

\'O ponto central tem que ser daqui para frente\', disse, descartando a possibilidade de negociação sobre os contratos já vigentes.

Ele vai além e reclama que o governo federal não está se envolvendo como deveria nessa discussão, e que a negociação só ocorrerá casada com outras propostas de mudanças tributárias.

\'Essa discussão está atrelada a outras questões como a cobrança de ICMS, a distribuição do FPE (Fundo de Participação dos Estados). Não tem como ser separado\', argumentou, citando temas de interesse dos governadores do Norte e do Nordeste.

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