Policia

Ônibus com 23 índios é atacado em Aquidauna

6 JUN 2011 • POR • 18h39
Onibus atacado na última sexta-feira Foto: div.
Campo Grande - Caciques de quatro aldeias de Miranda estão considerando \"atentado terrorista\" o ataque contra um ônibus que transportava estudantes indígenas. Segundo eles existem antecedentes para chegarem a conclusão. O coletivo com 23 estudantes a bordo, foi atingido por coquetel molotov no para-brisa, onde o petardo explodiu provocando queimaduras médias e graves no condutor e seis passageiros ocupantes dos bancos dianteiros.

A ação foi rápida e por volta de zero hora da sexta-feira passada, na escuridão da Rua Principal que atravessa toda a Aldeia Babaçu. Ontem o delegado de Bodoquena, cidade a 55 quilômetros de Miranda, Tiago Macedo dos Santos, que está atendendo o caso ouviu algumas testemunhas. Segundo ele, ainda não há suspeitos sendo investigados, porque \"as vítimas, testemunhas ouvidas, declararam que não notaram a presença de qualquer pessoa atacando o ônibus\".

Segundo as descrições sobre a ocorrência, houve um estrondo, um clarão invadiu o interior do coletivo e gritos \"horríveis das pessoas pegando fogo\". A agonia aumentou quando perceberam que o veículo estava desgovernado, sem motorista e parou somente quando colidiu com um barranco. \"Foi o que evitou a propagação do incêndio. Com a colisão o fogo apagou e as vítimas começaram a sair até pelas janelas quebradas com pedras atiradas pelos próprios passageiros\", disse o delegado.

Ele não relaciona o caso com os constantes conflitos agrários existentes entre fazendeiros e índios em Miranda. \"Ainda não posso provar nada. Vou continuar com o inquérito. Possivelmente o assunto será tratado pela Polícia Federal, e isso depende da conclusão das investigações\". No campo das hipóteses, ainda conforme o delegado poderá ser até rixas entre grupos antagônicos dessas aldeias, ou mesmo ação isolada de algum malfeitor embriagado.

Entretanto, líderes dos índios, encontraram um chapéu no mato, próximo ao local do atentado, \"ninguém conhece essa chapéu nas aldeias Cachoeirinha, Lagoinha, Argola ou Babaçu. Isso é coisa de branco e mostra que não é apenas ameaças de fazendeiros que os índios estão recebendo\", disse um dos indígenas não identificados.

A falta de identificação das testemunhas é para evitar um aumento na tensão criada com a agressão; \"Recolhemos tudo o que foi possível em torno do assunto. Temos uma série de suposições em relação ao atentado, colocadas por indígenas que não estavam no ônibus, até acusações contra pessoas não índias\".

No final da tarde o delegado distribuiu nota informando que o caso foi entregue a Polícia Federal. (AE).