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'Sacrificamos o sono para escapar dos carros'

16 MAI 2011 • POR • 14h10
A técnica em enfermagem Dilma Ferreira Mendes, 30 anos, teve de fazer mudanças no cotidiano para se adaptar ao trânsito de Arapiraca (AL), que fica a cerca de 130 quilômetros de Maceió. Há pouco mais de um ano, ela e a família se mudaram de casa e de bairro para escapar do congestionamento que já é característico em algumas regiões da cidade. A decisão foi tomada para tentar melhorar a rotina como mãe, profissional na área da saúde, esposa e dona de casa.

Na série Vida em trânsito, o G1 vai mostrar como a rotina de pessoas em diferentes lugares no Brasil, em cidades de tamanhos diversos, tem passado por mudanças por causa do tráfego intenso. E o seu cotidiano, mudou por conta do trânsito? Deixe sua história na área de comentários ao final da reportagem.

“Era para ser uma mudança de casa apenas, mas me vi em uma situação em que tive de me adaptar novamente. Eu, meu marido e meus dois filhos (de 3 e 6 anos). Para termos um pouco de convívio familiar, acordamos mais cedo do que antes e dormimos mais tarde que antes. Meu marido, por exemplo, só vê os filhos na hora do café da manhã”, disse Dilma.

O maior problema antes da alteração de endereço era o trânsito que ela encara diariamente para levar os filhos para a escola e depois trabalhar. Dilma morava no Bairro Cacimbas e tinha de passar pelo Centro de Arapiraca para chegar ao Bairro Alto do Cruzeiro, onde trabalha. “O percurso de três quilômetros, no máximo, era feito em cerca de 35 minutos. Era muito tempo, era muito carro, muito tempo parada no trânsito”, afirmou a técnica em enfermagem.

Hoje, a família mora no Bairro Planalto, que fica a cerca de oito quilômetros do trabalho. “Apesar de ser mais distante, demoramos cerca de 20 minutos pegando um pouco de congestionamento”, disse Dilma.




Dilma disse que abdicou de horas de sono para conseguir levar as crianças até a escola, no horário correto das aulas, chegar ao trabalho dentro do prazo e ainda garantir que o marido também vai cumprir o expediente sem atraso. “Eu ainda consigo ter algum tempo com meus filhos, mas meu marido fica menos com eles, pois tem dois trabalhos, faz dois turnos todos os dias. O trânsito que enfrentamos todos os dias é cansativo. Por isso sacrificamos nosso sono para encarar a rua com menos carros”, afirmou.

Para isso se concretizar, ela e seu marido, o segurança e professor Ronnês Tenório Alves, 34 anos, acordam todos os dias às 5h, quando poderiam acordar uma hora depois. Depois de tomar banho e café da manhã, os dois acordam as crianças às 5h30. “Às 6h10, no máximo, estamos todos no carro. Deixamos as crianças perto das 6h40 na porta da escola. O detalhe é que a aula deles começa às 7h e tenho de deixá-los mais cedo. Entro às 7h30 no meu trabalho.”

Segundo Dilma, os filhos e ela chegam mais cedo na escola e no trabalho, respectivamente, para que o marido, o último ‘passageiro’, consiga trabalhar no horário correto (7h30). “O café da manhã é o único momento que eu consigo ficar com eles. Depois do primeiro expediente, na transportadora, vou para a escola dar aula e só chego às 23h a minha casa”, disse Alves, que costuma ficar com o carro.

Volta para casa

Na hora no almoço, Dilma ainda enfrenta outra maratona, já que fica sem o carro. \"Corro para a escola, a pé para não perder tempo, pego as crianças, levo para o meu trabalho, dou banho nelas e troco a roupinha deles. Em seguida, eles almoçam e eu levo os dois para a escola novamente, sempre sem carro.\"

A técnica em enfermagem sai do trabalho às 17h e volta a correr até a porta da escola para esperar os filhos. \"Com eles, vamos para o ponto de ônibus e voltamos para casa. Chegamos por volta das 18h, pois já pegamos o horário de pico\", disse Dilma.