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Morte de Bin Laden é 'alívio', diz pai de vítima de ataque terrorista em 2001

2 MAI 2011 • POR • 19h35
Ivan Kyrillos Fairbanks trabalhava no World Trade Center e morreu no atentado de 2001 - Foto: Divulgação/Arquivo pessoal
O otorrinolaringologista Ivan Fairbanks Barbosa ainda deixa na mesa de seu consultório em São Paulo a miniatura das torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York. Era ali que seu filho, o administrador de empresas Ivan Kyrillos Fairbanks Barbosa, então com 30 anos, trabalhava quando elas caíram. Nesta segunda-feira (2), dia em que o mundo só fala na morte de Osama Bin Laden, o médico não escondeu o alívio ao saber que o mentor do atentado 11 de setembro de 2011 está morto.

“Embora não seja politicamente correto, sinto certo alívio. Não existem palavras para descrever a sensação de perder um filho”, comentou Barbosa, que acredita que a “justiça foi feita”. O médico, de 70 anos, soube da notícia ao ler a manchete de um jornal e vê com naturalidade o fato de ter recebido cumprimentos de amigos pela manhã.

“Algumas pessoas que conviviam com meu filho me ligaram para me cumprimentar. Elas também ficaram chocadas, emocionadas na época”, contou Barbosa, mais uma vez deixando clara sua satisfação. “Não perdoei (o Bin Laden) coisa nenhuma. Queria que morresse devagar. Eu tinha um filho ótimo, que morreu sem razão.”

Descrença

Alívio. Também foi essa a palavra que a empresária Caroline Sallerin, de 34 anos, pronunciou ao ser questionada sobre o primeiro sentimento que veio à cabeça ao saber da morte do terrorista. O atentado matou a irmã dela, a engenheira química Anne Marie Sallerin, que trabalhava no World Trade Center junto com Ivan, no mesmo escritório. “De alguma forma a justiça foi feita. Muitas famílias foram prejudicadas”, afirmou Caroline, que revelou uma certa descrença daqui para frente. “Tem muitos (terroristas) atrás dele (Bin Laden). Não acho que isso vai acabar.”

Dirce Castelo é secretária do otorrinolaringologista Ivan Fairbanks Barbosa há muitos anos. Conheceu “Ivanzinho”, como se refere até hoje ao rapaz, pequeno e ainda lembra com detalhes o dia em que as torres desabaram quando dois aviões se chocaram contra elas. “Fiquei branca quando vi a imagem na TV. Foi muito difícil para ele e para todos aqui”, afirmou ela, referindo-se ao médico, que atendia na sala ao lado.

O escritório de Ivan Kyrillos Fairbanks Barbosa, funcionário da corretora de valores Cantor Fitzgerald, ficava no 105º andar da torre norte. O administrador de empresas se casou e mudou para Nova York depois que conseguiu o emprego que tanto desejava. \"Ele deu para o pai a miniatura (das torres gêmeas) e disse: \'pai, eu vou trabalhar aqui\'\", lembrou Dirce.