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Oposição do Iêmen rejeita negociar e dá duas semanas para Saleh sair

14 ABR 2011 • POR • 16h35
Militar patrulha a cidade iemenita de Taez durante protestos nesta quinta-feira - Foto: AP
A oposição do Iêmen rejeitou nesta quinta-feira (14) uma oferta para participar de negociações mediadas por países do Golfo Pérsico na Arábia Saudita sobre uma transferência do poder no Iêmen, e definiu um prazo de duas semanas para a renúncia do presidente Ali Abdullah Saleh.

A oposição disse que a oferta de mediação dos países árabes do Golfo, que teria incluía discussões em Riad já no próximo sábado, não foi suficientemente clara quanto à rapidez de uma transição proposta, mesmo depois de um pedido de esclarecimento ter sido enviado a embaixadores dos países do Golfo.

\"Reiteramos nossa ênfase sobre a necessidade de acelerar o processo de renúncia de Saleh para o prazo de duas semanas. Por essa razão não iremos a Riad\", disse o líder oposicionista Mohammed al-Mutawakkil.

Chanceleres de países do Golfo, buscando reduzir a ameaça que a instabilidade no Iêmen pode representar para a região, tinham convidado Saleh e seus adversários para conversações sobre uma transferência de poder, visando encerrar um impass
e político que corre o risco de degenerar em violência.

Os aliados sauditas e ocidentais do Iêmen temem que um impasse prolongado no país, onde Saleh vem enfrentando dois meses de protestos exigindo sua saída, possa desencadear choques entre unidades militares rivais e provocar uma situação de caos que beneficiaria uma ala da rede terrorista da al-Qaeda que atua no país pobre e montanhoso.

Saleh aceitou as negociações mediadas pelos países do Golfo, mas a oposição vem oscilando em sua posição. Num primeiro momento, rejeitou a oferta, citando a falta de um cronograma para a transição e dizendo que a proposta parecia oferecer imunidade judicial a Saleh.

O presidente, que já perdeu o controle de várias províncias, avisou que, se ele for forçado a se afastar antes de ter organizado eleições parlamentares e presidenciais para os próximos 12 meses, o país pode mergulhar em guerra civil e se fragmentar.

Desde o final de janeiro, mais de 16 manifestantes morreram em choques com as forças de segurança. Teme-se que a violência pos
ssa se intensificar no país, metade de cujos 23 milhões de habitantes possuem armas