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Terceiro preso na Lama Asfáltica é solto na capital

10 JUL 2016 • POR • 09h20
A Justiça libertou neste sábado (9) o último preso na 3ª fase da operação Lama Asfáltica. O empresário Flávio Henrique Scrocchio saiu do Centro de Triagem da de Campo Grande por volta das 16h (de MS). Ele é cunhado do ex-deputado federal Edson Giroto, que foi solto na madrugada, e ficou dois dias na unidade. Scrocchio foi o último a ser liberado porque o passaporte dele estava no interior de São Paulo e precisou ser entregue para a Justiça Federal de Campo Grande antes da liberação.

Ainda na madrugada deste sábado, o empreiteiro João Amorim e o ex-deputado federal Edson Giroto também foram soltos. Na segunda fase da operação, em maio, os três ficaram presos por 42 dias. Eles são investigados no suposto esquema de desvio de dinheiro público por meio de obras do governo de Mato Grosso do Sul. Os três negam participação no esquema.

Aviões de Lama

Deflagrada na quinta-feira (7) pela Polícia Federal (PF), a operação Aviões de Lama resultou na prisão do ex-secretário estadual de Obras Edson Giroto, do empreiteiro João Amorim e do empresário Flávio Henrique Scrocchio, que é cunhado de Giroto. Os três são suspeitos de envolvimento no suposto esquema de desvio de recursos públicos por meio de obras do governo de Mato Grosso do Sul. Todos os investigados negam as acusações.

Giroto e Scrocchio foram presos na manhã de quinta-feira. João Amorim se apresentou à PF na manhã de sexta-feira, 28 horas depois que os agentes começaram a cumprir os mandados de prisão.

Os mandados foram pedidos pela PF, que verificou, com a documentação apreendida na segunda fase da operação, que os investigados estavam revendendo bens de alto valor e dividindo o dinheiro com diversas pessoas, com objetivo de ocultar a origem.

Conforme a PF, a investigação apontou que a revenda de bens continuou mesmo após a deflagração da primeira fase da operação Lama Asfáltica, em julho de 2015.

Um dos casos está relacionado a revenda de uma aeronave no valor de R$ 2 milhões. O dinheiro obtido com a negociação foi dividido entre os investigados em valores menores. Outra aeronave, no valor de R$ 350 mil, também foi dada como pagamento, assim como quatro cheques, que foram destinados a quatro pessoas.

O motivo do nome da operação, Aviões de Lama, é em razão do modo de se desfazer da aeronave, já que o grupo utilizou de recursos públicos desviados de contratos de obras públicas, fraudes em licitações, recebimento de propinas e crimes de lavagem de dinheiro.

Negociação de aeronave

Conforme o delegado regional de Combate ao Crime Organizado da PF, Cléo Mazzotti, foi descoberto que os três suspeitos haviam vendido o avião, que havia sido adquirido com recursos desviados, para dilapidar o patrimônio e desse modo pulverizar os recursos. Desse modo, tentavam dificultar a identificação da origem do dinheiro.

O avião que foi vendido, segundo o delegado, é uma aeronave que pertencia a ASE Participações e Investimentos, uma das empresas de João Amorim, que é apontado pela PF como um dos líderes do grupo criminoso. Mazzotti explica que, na segunda fase da operação, a aeronave foi um dos bens do empresário que foi bloqueado pela Justiça, mas antes já havia sido vendida, sem que houvesse a transferência para o novo proprietário.

"Primeiro, o avião foi vendido em uma negociação de boca para Edson Giroto e seu cunhado, Flávio Henrique Scrocchio, e depois foi revendido para um terceiro, por R$ 2 milhões. Parte desse valor foi pago com uma outra aeronave, avaliada em R$ 350 mil e o restante foi parcelado. Na primeira parcela, o comprador pagou R$ 250 mil e deu outros três cheques no valor R$ 100 mil cada", detalhou.

Corrupção

De acordo com a PF, o grupo suspeito de desviar recursos públicos, inclusive federais, atua no ramo de pavimentação de rodovias, construções, prestação de serviços nas áreas de informática e gráfica. Os contratos sob investigação envolvem mais de R$ 2 bilhões.