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Justiça aprova divórcio 'eleitoral' de casal presidencial da Guatemala

8 ABR 2011 • POR • 19h35
O presidente da Guatemala, Alvaro Colom, e a primeira-dama, Sandra Torres, após a posse dele em 14 de janeiro de 2008, na Cidade da Guatemala. - Foto: Reuters
A Justiça da Guatemala aprovou nesta sexta-feira (8) o divórcio entre o presidente Alvaro Colom e a primeira-dama Sandra Torres. O objetivo deles é contornar uma lei que proibia Sandra de disputar, em setembro, a sucessão de seu marido.

\"Estão legalmente divorciados\", declarou em entrevista à imprensa a titular do Segundo Juizado da Família, Mildred Roca.

A Constituição do país mais populoso da América Central (cerca de 14 milhões de habitantes) proíbe não apenas a reeleição de um presidente como também impede a candidatura de parentes próximos, como o cônjuge.

Em 1989, a Corte Constitucional havia invocado esse argumento para proibir a esposa do presidente Vinicio Cerezo (1985-1990) de se apresentar às eleições presidenciais.

Para contornar o obstáculo, para a eleição presidencial de setembro, Colom e Torres entraram, então, com um pedido de divórcio por consenso mútuo, no dia 11 de março, três dias após a primeira-dama anunciar a intenção de brigar pelo cargo do marido.

\"Nosso amor está mais forte do que nunca, mas nosso amor pela Guatemala e nosso compromisso em favor dos mais necessitados é maior\", explicou Torres em uma declaração por escrito. A primeira-dama se encarrega de programas sociais no país, cuja metade da população vive na pobreza.

Essa decisão \"implica em um sacrifício familiar\", acrescentou. \"Vai ser um divórcio real, uma separação física\". Torres e Colom fundaram a União Nacional pela Esperança (UNE), partido social-democrata vitorioso nas eleições de 2007.

O principal candidato de oposição de direita, Otto Perez Molina, derrotado na época por Colom, classificou de \"fraude\" o pedido de divórcio. A polêmica também chegou às redes sociais e, segundo a Prensa Libre, 98% de 22 mil pessoas entrevistadas por telefone são contra a separação por motivos políticos.

A hierarquia católica mostrou-se, no entanto, muito discreta em relação ao assunto, uma vez que a união entre o presidente Colom e Sandra Torres, foi marcada, apenas, por uma cerimônia civil, entremeada de rituais maias.

A eventual eleição de Sandra Torres, apoiada pelo partido presidencial e a Grande Aliança Nacional (Gana), no poder de 2004 a 2008, não seria a única na América Latina.

Em 2007, Cristina Fernandez de Kirchner sucedeu a seu marido Nestor Kirchner, falecido no final de outubro, na presidência da Argentina. (G1)