FRONTEIRA

Moradores têm orgulho da fronteira e dizem que execuções são casos raros

23 JUN 2016 • POR • 08h18
Fronteira Brasil e Paraguai em MS - Foto: Martim Andrada/ TV Morena
Já comeu sopa que é um bolo? Chipa que faz 'tic' quando dividida? Já esteve com os pés em países diferentes ao mesmo tempo? Essas são apenas algumas caracteríticas da fronteira do Brasil com o Paraguai, em Mato Grosso do Sul.

Temida por alguns e amada por muitos, a região atraiu a atenção das forças de segurança na última semana, depois que o narcotraficante Jorge Rafaat foi morto com metralhadora ponto 50 (veja vídeo), mas quem vive por lá diz que o caso foi exceção. Com relatos em português, espanhol e guarani, moradores falam que a intensa troca de tiros não faz parte da rotina das cidades-gêmeas Ponta Porã e Pedro Juan Caballero.

Por conta da fronteira seca, sem muros ou obstáculos físicos, basta atravessar a linha internacional para entrar no país vizinho, a pé ou de carro. Se a pessoa ficar exatamente sobre a linha imaginária, delimitada por tótens ao longo da fronteira, é possível estar ao mesmo tempo nos dois países, com um pé no Brasil e outro no Paraguai. Ou até com os dois em ambos os países.
O G1 esteve na região no dia seguinte ao atentado e ouviu da maioria dos moradores que o clima amistoso entre hermanos de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero é muito maior que o medo da violência ou do narcotráfico.

Exceção

Na esquina onde aconteceu a emboscada, comerciantes e clientes se dizem acostumados com execuções na região, mas ressaltam que as mortes geralmente têm relação com o narcotráfico.
"Pessoas de bem não são atingidas pela guerra de facções". Essa é uma das respostas mais ouvidas quando a pergunta é sobre o medo da violência. Os brasiguaios, brasileiros que moram no Paraguai e paraguaios que moram no Brasil, fazem questão de lembrar da parte boa da fronteira. A mistura de culturas e o perfil trabalhador do povo hospitaleiro são alguns dos pontos mais comentados.