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PF investiga conflito ocorrido em Caarapó

18 JUN 2016 • POR • 06h00
As funções de polícia judiciária da União, exercida pela PF, é a preservação da ordem, informou o órgão. - Foto: Hedio Fazan
A Polícia Federal em Dourados informou ontem que foi instaurado inquérito policial para apurar os fatos ocorridos entre os dias 12 e 15 de junho deste ano decorrentes de conflito agrário na região de Caarapó, que ocasionou uma morte e diversos feridos, entre indígenas e não indígenas.


Além disso, será apurada a ocorrência de agressões, roubo, danos ao patrimônio público e cárcere privado de equipe de policiais militares que inicialmente atendeu ocorrência.


A atuação da Polícia Federal foi imediata, com o envio de efetivo policial na realização de diligências no local dos fatos. Foram imediatamente promovidas tratativas para liberação das pessoas mantidas como reféns e a recuperação de armamentos pertencentes a Polícia Militar, que foram subtraídos durante o conflito.


As funções de polícia judiciária da União, exercida pela Polícia Federal, neste primeiro momento, é a preservação da ordem pública, incolumidade das pessoas e término das agressões. O objetivo é estabelecer a segurança e a tranquilidade na realização dos trabalhos periciais naquele local de conflito e, dessa forma, prosseguir nos demais atos investigatórios, primordiais na apuração das autorias e materialidades delitivas.

MPF


Ontem, o Ministério Público Federal informou também que há 8 meses, Força Tarefa investiga crimes cometidos no Estado de Mato Grosso do Sul e disse que a morte de indígena na terça passada, em Caarapó, também será investigada.


Ontem, aliás, o MPF ajuizou duas denúncias contra doze envolvidos em crimes contra os povos Guarani Kaiowá e Ñandeva em Mato Grosso do Sul. Eles são acusados de formação de milícia privada, constrangimento ilegal, incêndio, sequestro e disparo de arma de fogo.


Os ataques foram cometidos contra indígenas do Conesul do Estado, na região de fronteira com o Paraguai. Jagunços teriam sido contratados e financiados por proprietários rurais para violentar e ameaçar as comunidades. Oitivas, diligências, fotos, vídeos, buscas e apreensões comprovam a atuação dos milicianos, mas o MPF não divulgou a íntegra das denúncias porque os processos correm sob sigilo.


As investigações foram conduzidas pela Força Tarefa Avá Guarani, instituída pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot, há 8 meses, para apurar crimes contra as comunidades indígenas de MS. O ajuizamento das denúncias é a primeira de uma série de medidas a serem adotadas para combater o conflito armado na região.


Para o MPF, a Força Tarefa "é uma maneira de dar uma resposta efetiva aos milhares de indígenas vítimas de violência, que poderiam deixar de acreditar na Justiça por causa da impunidade". Só nos últimos 10 anos, pelo menos um índio foi morto por ano em decorrência do conflito fundiário em Mato Grosso do Sul.


A morte de Clodioude Aguile Rodrigues dos Santos, ocorrida em Caarapó, também será investigado pelo grupo de procuradores.