Armamento

Polícia retoma armas e MJ autoriza presença da Força Nacional

16 JUN 2016 • POR • 07h00
Ministério da Justiça autorizou presença da FNS em Caarapó; ontem, forças policiais recuperaram armamentos. - Foto: Divulgação/PM
No dia seguinte à morte de um índio na Fazenda Ivu, em Caarapó, e o pedido do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul e a prefeitura de Caarapó solicitaram reforço para mediar a situação no local, e ainda ontem, o Ministro da Justiça autorizou a presença da Força Nacional de Segurança.


Segundo informações do Ministério da Justiça, o ministro determinou a vinda da tropa ao Estado, atendendo solicitação feita pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB).


A Força Nacional irá auxiliar as Polícias Militar, Federal e Rodoviária Federal, a fim de restabelecer a ordem pública e preservar a incolumidade das pessoas e do patrimônio.


Antes da chegada dos policiais da FNS, porém, os policiais militares da Força Tática de Dourados e PM de Caarapó, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal recuperaram as armas e petrechos tomados de policiais na terça-feira. "Ressaltamos o trabalho das forças policiais que não dispararam um tiro sequer e conseguiram reaver o material", informou porta-voz da PM.


As armas retomadas foram pistolas calibre ponto 40, uma escopeta calibre 12 e três coletes, além de munição, rádios e outros. Uma pistola e pertences dos policiais ainda não foram reavidos.


A confusão que teria envolvido produtores rurais e índios no local deixou 8 feridos, entre eles, 3 policiais militares que escoltavam o socorro do Corpo de Bombeiros a índios feridos. Cinco índios estão em hospital de Dourados e passam bem. Um deles, uma criança de 12 anos passou por cirurgia.


O prefeito da cidade de Caarapó, Mário Valério (PR), esteve ontem em reunião com o gabinete de crise da Secretaria de Estado Justiça e Segurança Pública (Sejusp), que coordena operações no conflito entre índios e produtores rurais no Sul do Estado.



Valério disse que entrou em contato com parlamentares do Estado para reiterar a necessidade da presença da Força Nacional de Segurança na região.

O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) também pediu apoio da Força Nacional após ser acionado pelo prefeito. O Governo de MS, através de nota, lamentou o episódio e ressaltou a ação contra policiais militares no local.


Foi instaurado um inquérito policial para apurar os fatos e serão realizadas diligências para identificar os autores das agressões policiais, o roubo das armas e os danos causados à viatura policial.

Velório


O corpo do indígena e agente de saúde Clodioudo Aguile Rodrigues dos Santos, 26 anos, morto no confronto estava no Instituto Médico Legal do Hospital Evangélico de Dourados, aguardando uma equipe de Brasília para fazer autópsia.


Segundo informação do Campo Grande News, indígenas tiveram ontem a liberação do corpo para realização do velório. Não há informação oficial sobre a causa da morte do índio, já que indígenas informam que Clodioudo foi morto a tiros pelos fazendeiros, mas os produtores dizem que, durante uma confusão, o agente de saúde foi atropelado por um caminhão. O local do velório e do enterro ainda não foram informados.


O agente de saúde era filho do vice-capitão da reserva, Leonardo Isnardi, e morreu em meio ao confronto entre os indígenas e fazendeiros ontem na fazenda Ivu.


Cinco indígenas que foram feridos a tiros durante o confronto foram encaminhados ao Hospital de Vida em Dourados, mas todos estão conscientes e orientados.

Repercussão


O caso registrado em Caarapó foi denunciado ontem em um evento sobre desmatamento que acontece em Oslo, na Noruega.


A divulgação dos fatos que resultaram na morte de um índio e que deixaram vários feridos, entre eles crianças, foi feita por Joênia Wapixana, primeira advogada indígena brasileira, durante o evento Oslo Redd Exchange 2016, que discute formas de combate ao desmatamento. O evento organizado pelo governo da Noruega recebe representantes de governos e organizações de 35 países.


Ontem, o Sindicato Rural de Caarapó questionou o termo ‘conflito’ usado para definir o que acontece na propriedade rural. Em nota, a entidade ressaltou que o grupo de agricultores que acompanhou o dono da Fazenda Ivu na área ocupada foi ao local ‘voluntariamente’ e em nenhum momento representou o sindicato.


A nota lamenta o ocorrido e menciona que, até o momento, não houve registro de disparos de arma de fogo no local. "Os agricultores usaram fogos de artifício para dispersar os índios", diz o texto.