Cidades

‘Represa’ mal feita inunda residência

4 ABR 2011 • POR • 02h25
Represa recebe enxurrada da rodovia e transborda para casa de família - Foto : Hedio Fazan
DOURADOS – Uma represa mal feita que recebe parte da água de chuva que escorre da rodovia MS-156 tem causado transtorno a família de Geni de Souza Martins, 65 anos. Ela é indígena e mora junto ao filho e a neta de frente às margens da rodovia. Neste final de semana a família foi surpreendida com a forte chuva que caiu na cidade. A grande quantidade de água encheu a represa que veio a transbordar para dentro da casa de Geni. Ela mora há dez metros da represa.

O problema começou após a MS-156 ganhar duplicação. Antes disso era tudo normal, conforme relata a moradora. “Moro há 15 anos nessa casa e nada disso acontecia. Agora, a cada forte chuva que cai é um desespero. Eu e meu filho temos que ficar atentos na represa”, disse a indígena Geni.

O maior drama vivido pela família aconteceu na madrugada de sábado. Por volta de 1h a represa transbordou e toda a água invadiu a casa. “Tentamos segurar a porta, mas não teve como. A água veio com tanta força que saiu arrastando o que tinha pela frente”, descreve Márcio de Souza, filho de Geni.

Eles perderam o pouco de móveis que tinha dentro da casa. Algumas mobílias Márcio está pagando. “É ruim de mais. A gente trabalha o mês inteiro para conseguir comprar alguma coisa e quando consegue acontece uma coisa dessa”, lamenta o jovem.

A represa está localizada ao lado da rotatória que dá acesso às aldeias Jaguapiru e Bororó. Trata-se de uma pequena lagoa bem aos fundos da casa de Geni. Por estar localizado numa área baixa recebe ainda enxurrada das aldeias. Somado a enxurrada do asfalto da rodovia, a represa transborda.
Neste final de semana a família teve bastante trabalho para retirar a lama que atingiu uma altura de quase um metro. Os poucos móveis que sobraram foram levados para a casa de parentes, local onde os indígenas estão pernoitando.

Eles temem uma nova forte chuva. “ Se isso acontecer é perigoso que leve até a casa”, diz Geni. Ela critica os engenheiros responsáveis pela duplicação da rodovia. “Quando eles estavam trabalhando na duplicação chegamos a falar sobre a cheia que poderia ocorrer na represa. Eles garantiram que nada iria acontecer. Hoje o que vemos é o inverso”, lamenta a indígena.