A cultura e a alma de um povo
17 MAI 2016 • POR • 06h00As ruas do Serro, as montanhas de Minas e os degraus da igreja do Carmo assistiram a bela solenidade naquele improvável ano de 1975, quando foi gravado em pedra e enterrada em sua escadaria uma urna contendo os jornais da época, revistas, fotos, editoriais e documentos daquele movimento pelo tombamento do patrimônio histórico do Serro. Era o início de tudo...
Pouco tempo depois, sendo ele o segundo deputado federal mais votado por Minas Gerais nas eleições de 1982, negociou com o novo governador de Minas, Tancredo Neves, a criação da Secretaria de Estado de Cultura, pensando sempre em cuidar da alma do povo das Minas, que via seu legado histórico e cultural sendo consumido pelo tempo.
Como secretário de Estado, congregou as várias entidades culturais do país, que culminou no Fórum Nacional de Secretários da Cultura, quando foi lançada a pedra fundamental do Ministério, chegando ao presidente João Batista Figueiredo a sugestão de que o ano de 1985 fosse decretado como o Ano Nacional da Cultura, o que foi aceito pelo último presidente militar do Brasil. O Fórum foi fundado com a ajuda de Darcy Ribeiro, que a exemplo de Minas criara a secretaria de Estado da Cultura do Rio de Janeiro.
Depois da eleição de Tancredo Neves como presidente da República, José Aparecido de Oliveira levou para o Planalto Central a experiência exitosa da Secretaria de Estado da Cultura de Minas Gerais, fundando assim o Ministério da Cultura, sendo ele o primeiro ministro. Seu projeto inicial implantava centros culturais comunitários por todo o Brasil, colocava na ordem do dia a restauração de prédios históricos e das grandes estações ferroviárias do país, criou a Assessoria de Assuntos de Cultura Negra e a Assessoria de Assuntos da Cultura Indígena, imaginando interligar as várias matrizes da cultura brasileira, sabendo ser ela fundida em uma só.
Trinta anos depois, o Brasil tornou-se um país sem Ministério da Cultura, como um corpo sem alma.
Jornalista e escritor