1992

Relembre como foi o impeachment de Collor

12 MAI 2016 • POR • 07h53
Fernando Collor de Mello deixa o poder em dezembro de 1992, depois de sofrer processo de impeachment. Na foto, ele está com sua mulher Rosane
O processo que culminou com a renúncia do presidente Fernando Collor de Mello, em 29 de dezembro de 1992, foi resultado de meses de investigação parlamentar provocada por denúncias de corrupção divulgadas pela imprensa. Ainda candidato, em 1989, o ex-governador de Alagoas era bem diferente dos políticos da época: relativamente jovem (39 anos), fazia cooper, andava de jet-ski e estampava frases de impacto, como "Não fale em crise. Trabalhe", em suas camisetas.

Em maio de 1992, o irmão do presidente, Pedro Collor, concedeu uma entrevista à revista Veja na qual denunciava um esquema de lavagem de dinheiro no exterior cujo trabalho era orquestrado por Paulo César Farias, o PC, tesoureiro de campanha eleitoral em 1989. Na ocasião o ex-presidente acusou o irmão de insanidade mental, o que foi desmentido mais tarde.

Houve na seqüência a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias. Surgiram então informações sobre a chamada "Operação Uruguai", que eram empréstimos fraudulentos para financiar a campanha de 1989. Além disso, contas fantasma operadas por PC financiavam a reforma da Casa da Dinda, onde Collor morava, em Brasília.

O elo entre o ex-presidente e PC Farias ficou exposto quando se noticiou o uso de um carro Fiat Elba, para uso pessoal do presidente. A compra do automóvel foi feita com dinheiro de contas fantasma do tesoureiro de campanha. Em agosto, o motorista Eriberto França contou à revista Istoé como levava contas do ex-presidente, para serem pagas por empresas de fachada de PC.

Em 24 de agosto de 1992, um relatório da CPI atestou que US$ 6,5 milhões haviam sido transferidos irregularmente para financiar gastos do presidente. Em 29 de setembro, o impeachment foi aprovado por 441 dos 509 deputados. O ex-presidente foi afastado e substituído pelo seu vice, Itamar Franco.

Uma forte pressão popular e conseqüente queda de popularidade deram impulso ao processo de impeachment. O movimento social, particularmente o estudantil, com o surgimento dos chamados "caras pintada", foi decisivo no processo.

O ex-presidente foi julgado pelo Senado Federal e em 29 de dezembro renunciou para tentar engavetar o processo e preservar seus direitos políticos. Entretanto, por 76 votos a 3, os senadores condenaram o presidente, que não poderia concorrer em eleições pelos oito anos seguintes.

Atualmente o senador Fernando Collor, eleito pelo seu estado, Alagoas, é investigado por participação na operação Lava Jato, da Policia Federal, que apura denúncias de desvio de dinheiro público da Petrobras, entre outros pontos.