Crime organizado

Dourados concentra presos mais perigosos, diz sindicato

26 ABR 2016 • POR • 10h39
Agentes penitenciários em Dourados em ato de paralisação de trabalho nesta terça-feira Foto: Divulgação/ Sinsap
Maior presídio estadual de Mato Grosso do Sul, a PED (Penitenciária Estadual de Dourados) concentra os presos mais perigosos e pertencentes a facções criminosas. A informação é de André Santiago, presidente do Sinsap (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária de Mato Grosso do Sul).

Na manhã desta terça-feira (26) os agentes penitenciários de Dourados iniciaram uma paralisação que se estende o dia todo. Ontem aconteceu em Campo Grande e amanhã será em Três Lagoas. O manifesto é em prol aos seis agentes envenenados na semana passada na Capital.

Com uma população carcerária de 2435 presos, a PED tem 90 agentes penitenciários. Os profissionais, segundo o Sindicato, vêm sendo ameaçados nas últimas semanas e temem pela suas vidas e de seus familiares.

"Os principais líderes do PPC (Primeiro Comando da Capital) estão em Dourados e temos a informação de uma possível rebelião nos presídios do estado. Os servidores estão totalmente desprotegidos, pois não há segurança o suficiente nos presídios de Mato Grosso do Sul", diz André Santiago.

As ameaças contra os servidores penitenciários, segundo ele, iniciaram a partir de um pente-fino realizado em Campo Grande onde foi descoberto uma espécie de mapa do crime no estado, com funções de cada detento na facção.

"Para se ter uma ideia, em Dourados são liberados 300 detentos para banho de sol e apenas dois agentes são responsáveis pela vigia", alerta o presidente da categoria.

A entidade cobra do governo do estado maior segurança nas penitenciárias do estado e a alteração do contrato de empresas contratadas para fazer alimentação. Elas contratam os próprios presos para fazer as refeições, inclusive o café. Foi nesta bebida que os detentos colocaram veneno de rato e só não mataram os seis agentes da Capital porque o granulado do veneno não chegou a dissolver.

André Santiago critica ainda a falta de segurança no presídio semiaberto em Dourados, que registrou fuga de 19 detentos semana passada. Somente três foram recapturados. A maioria dos fugitivos, segundo ele, pertencem a facções.

Até agora o governo do estado não se manifestou sobre a segurança nos presídios sul-mato-grossenses. "Enquanto não derem uma resposta para nós, servidores, vamos realizar operação tartaruga nos presídios", afirma André. "Não é uma questão que atinge apenas os agentes penitenciários, mas toda a sociedade que também fica desprotegida e a mercê da criminalidade", finalizou.