Julio Capilé

Educação

20 ABR 2016 • POR • 06h00
"A educação vem do berço" é o que todo mundo compreende: pessoa educada teve bom convívio familiar, com orientação segura dos pais, dos irmãos mais velhos, dos tios. Muita gente confunde educação com conhecimento ou instrução. Esta é aprendida na escola, no convívio social, nos meios de comunicação. Educação é muito diferente.


Antigamente havia os Institutos de Educação – escolas que além de dar instrução, aprimorava a educação sempre em comum acordo com a educação do lar. Hoje ficou difícil porque os pais quase não têm tempo para verem pequeninos detalhes do comportamento de cada filho. A tendência é massificar e tratar os filhos como se a individualidade fosse a mesma em todos. Há coisas em casa que mais deseducam do que orientam. Cada criança nasce com suas tendências próprias. Algumas têm que ser modificadas e outras incentivadas. Todos temos sombra e luz desde o nascimento.


Vem ao mundo aquela pessoa tão desejada trazendo esperanças mil. Os pais vêem nela um anjo caído do Céu, mas ela tem que ser vista como um espírito que veio a nós para ser orientado. Como sempre tem suas gracinhas, o tempo vai passando e os pais perdem a oportunidade dos momentos certos. A educação deve ser dada desde o primeiro dia da criança. As manhas e os maus hábitos nascem dos descuidos na correção das tendências infelizes. Depois que crescem, "Inês é morta". Na pré adolescência, que agora muitos chamam de aborrecência, fica muito mais difícil, porque há a influência dos amigos, da televisão, dos colegas de escola e companheiros de folguedos por vezes não muito sadios e os pais ficam sem saber "onde foi que eu errei?" Segundo os ensinamentos emanados do Dalái Lama e, parece, de uso no Budismo Zen, a criança deve ser educada até os cinco anos e depois deve ser orientada. Isso quer dizer que a maior preocupação deve ser exatamente no tempo em que ela é uma gracinha. É duro pensar assim, mas devemos lembrar que, de vidas passadas, ela traz junto às virtudes, os vícios e os defeitos. Acumulamos durante milênios conhecimentos, defeitos e virtudes. Geralmente os desvios mais graves estão submersos no inconsciente e demoramos a achá-los. Quando criança eles são mais perceptíveis pelos pais, mas "ninguém vai pensar que aquele anjinho tem defeitos".


O filho único é tratado como um príncipe ou como uma boneca. Se tem dois ou mais, os pais se esquecem e fazem comparações menos felizes para um ou para outro e com isso introduzem na mente delas superioridade ou inferioridade. No primeiro caso, depois vem a idéia de "dono do mundo" e, no segundo, a de que "eu sou um burro, um nada". Os dois conceitos são prejudiciais para a vida de relação. Os pais ficam a maior parte do tempo longe dos filhos. As crianças recebem educação da babá ou da creche. Pela ausência demorada, os pais enchem-nas de mimos diariamente, presentes de todo tipo e mesmo repetitivos após sua destruição. Também há uma como competição de agrados por parte do pai e da mãe. Cada qual quer ser mais amoroso e conquistar o afeto dos filhos. Daí para eles usarem chantagem emocional, é um passo. Que fazer então? Equilíbrio, energia amorosa e ver naquele ser um aprendiz que depende muito de nós. É uma delegação de Deus.


Médico. Escreve às quartas-feiras. e-mail: julio.capile@apis.com.br