Maristela Ishibashi T. de Barros

Dourados – A Cidade que queremos para nós

20 ABR 2016 • POR • 06h00
Terra de gente empreendedora e grande polo gerador de riquezas, era sabido que Dourados, cedo ou tarde, entraria na era da industrialização. É com muita satisfação que vemos indústrias procurando o nosso município para se instalarem e, junto com o agronegócio, alavancarem ainda mais a nossa economia, fazendo com que Dourados ainda seja uma das cidades que menos sente os efeitos da crise que assola o Brasil.


Não há dúvidas de que a industrialização tem trazido muitos benefícios para Dourados. Temos empregos mais qualificados, aumento da renda per capta, mais dinheiro girando no nosso comércio. Mas Dourados precisa saber lidar com esse desenvolvimento, aumentando os seus benefícios e mitigando ou até eliminando os efeitos colaterais que um processo de industrialização traz para qualquer cidade. Nós, cidadãos douradenses, precisamos entender que não somos obrigados a conviver com o MAU CHEIRO que vem nos atingindo, principalmente nos finais de tarde quando chegamos em casa para descansar, depois de termos trabalhado durante todo o dia.


Dizer que Dourados está crescendo chega a ser um grande pleonasmo. Mas hoje, podemos dizer que Dourados está crescendo em ritmo muito mais acelerado do que antes. Se nós, que daqui tiramos nosso sustento, que aqui criamos nossos filhos, que aqui temos amigos e que aqui queremos viver, não soubermos exigir do progresso aquilo que temos direito, dentro de poucos anos não sobrará muito daquela cidade que um dia sonhamos para as próximas gerações. Precisamos mostrar, com toda a nossa força, que alguns empresários irresponsáveis por não tratarem a emissão de poluentes atmosféricos pelas chaminés de suas indústrias, não podem determinar a qualidade do ar que merecemos respirar.


Sabemos que Dourados foi muito infeliz quando escolheu (ou deixou que alguém escolhesse) a localização do seu Distrito Industrial. A posição daquele polo de indústrias não poderia ser mais desfavorável. Como os ventos que predominam na nossa região possuem direção Norte e Nordeste, os gases emitidos pelas indústrias são direcionados para a nossa Zona Urbana. Mas isso jamais deverá servir de motivo ou desculpa para respirarmos um ar poluído e com aquele mau cheiro que tanto tem nos incomodado. Existem equipamentos que tratam a emissão de gases, existem sistemas que podem realizar o monitoramento de emissão de gases atmosféricos para vigiar permanentemente a qualidade do ar que respiramos. Por que algumas indústrias não os instalam? E se já estão instalados, por que não os colocam em operação? E se já estão operando, por que não estão dando resultado? O mau cheiro que todos sentimos não deixa dúvidas de que tem alguma coisa errada e, com certeza, o problema não está no nariz do douradense.


É chegado o momento de a sociedade organizada se mobilizar e mostrar a sua força. Se nada fizermos agora, dentro de pouco tempo não conseguiremos frear o pseudodesenvolvimento, caracterizado por indústrias que geram pouco benefício, muita poluição e jogam o índice de qualidade de vida no chão.


Não são muitas. São uma ou duas empresas. Nem são as maiores indústrias instaladas na nossa cidade. Mas estão nos fazendo inalar gases que muitas cidades, muito mais industrializadas que a nossa não precisam respirar.


A AEAD – Associação de Engenheiros e Arquitetos de Dourados não poderia se esconder dessa luta. Sabemos o que queremos para a nossa cidade. Sabemos o que queremos deixar para as futuras gerações. Queremos convocar toda a sociedade organizada, associações de classe, poderes públicos, municipal e estadual, para juntos empunharmos essa bandeira.


Queremos a industrialização, queremos o desenvolvimento, mas não a qualquer custo, tampouco às custas do nosso futuro, do futuro dos nossos filhos e do futuro da nossa cidade.

Engenheira civil e presidente da AEAD - Associação de Engenheiros e Arquitetos de Dourados Ian2_1@hotmail.com