Cidades

Ainda falta mão-de-obra para usinas

29 MAR 2011 • POR • 06h53
Prestadoras de serviço precisam recorrer a outros Estados para preencher postos de trabalho - Foto : Hedio Fa-zan/PROGRESSO
DOURADOS – As indústrias e empresas do setor sucro-alcooleiro continuam sofrendo com a carência por mão-de-obra especializada na região. Além das indústrias, que sentem ‘na pele’ a dificuldade na contratação de trabalhadores especializados, as empresas que prestam serviços nas usinas também sofrem com a carência de mão-de-obra. Com uma demanda muito maior do que o ritmo de formação de novos profissionais, empresários precisam apelar para outros Estados, como São Paulo, para garantir o preenchimento destes postos de trabalho.

Segundo números da Agência Pública de Empregos, a indústria, ao lado da construção civil, continua sendo o setor que mais gera postos de trabalho no município. César Augusto de Arruda, sócio-proprietário de uma empresa de manutenção industrial, reclama que nenhum curso universitário de Dourados é voltado para o setor sucro-alcooleiro, apesar do grande potencial da região para este mercado. “Juntas, as quatro universidades de Dourados oferecem 71 cursos de graduação, 33 de pós-graduação e cinco cursos tecnológicos.

Mas nenhum deles é voltado para as indústrias sucro-alcooleiras”, reclama, ao lembrar que esta é uma tendência mundial. “A cultura da nossa região é mais voltada para a agricultura e pecuária, mas ninguém vive sem etanol, açúcar ou energia”, emenda.

Segundo o empresário, a carência por mão-de-obra especializada é uma realidade em diversas funções – entre elas, caldeiristas, mecânicos industriais, soldadores, engenheiros mecânico e elétrico, técnicos em eletricidade, engenheiros de autoação, torneiros mecânicos e analistas de laboratório. “Em todas estas áreas, faltam profissionais qualificados”, diz ele. A saída para muitos empresários está na contratação de gente de fora, que acaba ‘faturando’ salários que podem chegar acima dos R$ 2,5 mil.
#####Formação
Em Dourados, grande parte da qualificação profissional dos futuros trabalhadores é feita pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), que forma pelo menos dois mil novos trabalhadores todos os anos. O problema, segundo o gerente do Centro de Tecnologia do Senai em Dourados, Gilberto Ovídio, é que o ritmo de capacitação ainda é muito menor do que a demanda por empregos gerada pelo setor. “Ainda há um paradigma de que o trabalho nas usinas exige um esforço braçal muito grande.


No entanto, as usinas trouxeram muita tecnologia e automação, o que garante uma certa linha de conforto a estes trabalhadores, além de remuneração adequada e condições iguais ou melhores do que qualquer outra atividade”, explica.

Segundo ele, o Senai oferece 55 cursos diferentes, com formação de pelo menos dois mil trabalhadores por ano. O problema é que o setor sucro-alcooleiro é um dos cinco maiores empregadores de Mato Grosso do Sul, que concentra a segunda maior produção de açúcar e álcool no Brasil.


O tempo de duração dos cursos de qualificação é bastante variado e oscila de dois meses a um ano. O investimento também varia bastante – de R$ 60 a R$ 240, mas alunos que já trabalham nas indústrias têm um incentivo de 30% sobre o valor da mensalidade. Após o término do curso, uma média de 90% a 95% dos alunos já saem empregados – com uma faixa salarial em torno dos R$ 2,5 mil.