Policia

Celulares roubados ‘sustentam’ ostentação de ladrões

22 JAN 2016 • POR • 07h00
Apreensões em bocas de fumo, geralmente, acumulam inúmeros aparelhos de telefone celular. - Foto: Divulgação/SIG
Os registros de assaltos dos primeiros 21 dias de 2016 apontam para um alvo constante dos bandidos em Dourados: o roubo de celulares. Objeto mais comum na mão de cada cidadão da atualidade, os celulares têm valor alto, dependendo do modelo, e venda fácil, prato cheio para a prática.


Um levantamento extraoficial sobre as ocorrências de roubos em vias públicas aponta média superior a um aparelho levado por ocorrência de assalto na cidade. Em 29 casos foram mais de 30 celulares subtraídos em abordagens nas vias e, às vezes, até na varanda de casa.


No entanto, o que chama atenção da polícia é o fato de que, muitos casos não têm mais como motivação apenas o sustento ao vício ou tráfico de drogas. Segundo o Delegado Regional de Polícia Civil, Lupersio Degerone, as investigações e as prisões de ladrões apontam que os assaltos têm ocorrências em lugares ermos e em situações favoráveis, quase sempre com a atuação de menores e, muitas vezes, como meio de conseguir dinheiro para ostentação.


“Há casos que sim [sustentar o vício é o motivo]. Mas uma boa parte é de assaltantes adolescentes e, esses, roubam para arrumar dinheiro mesmo, vender, arrumar dinheiro, comprar tênis novo. Namoradinha, ostentação”, disse o delegado.


A informação foi reforçada pelo delegado titular do Serviço de Investigações Gerais (SIG), Mateus Zampieri, que falou sobre outra situação grave. Segundo ele, a venda para algum conhecido pode dar prosseguimento a ação dos assaltos.


“Ás vezes o ladrão vende para algum conhecido, por exemplo. Ou até para um familiar que não sabe que é produto de roubo”, disse, lembrando o papel importante que a sociedade tem no combate a estes ilícitos. O delegado também falou do destino dado aos produtos de assaltos para a ostentação de quem os pratica. “Às vezes o celular é vendido para comprar bens da moda. Querem dinheiro fácil para comprar bonés, roupas da moda”, explica.


Zampieri, no entanto, reitera que a maioria dos produtos de assaltos, principalmente celulares, acaba em bocas de fumo, em presídios. “O tráfico e o vício sem dúvida são os principais responsáveis. Mas não só drogas”, disse.

Furtos


Em relação aos furtos, mais de 20 ocorrências de vulto foram registradas na maior cidade do interior de Mato Grosso do Sul. E destas, 14 tinham como produto motocicletas. Destas, pelo menos 8 são do modelo Biz, da Honda.


O delegado Lupersio Degerone explicou que, em relação a estes casos de furtos, as ‘brechas’ deixadas pelos proprietários também tem contribuído. Em geral, deixar o veículo em local escuro, sem movimento e por um longo período de tempo é muito propício a furtos.


Degerone ressalta, no entanto, que estes veículos também têm sido furtados para uso temporário pelos ladrões. “As motos, em sua grande maioria, têm sido abandonadas logo depois da ocorrência. Horas depois e acabam recuperadas no mesmo dia ou no dia seguinte”, disse.


O delegado confirmou que este é um problema social grave. “Com certeza. [O furto ou roubo para ostentar é] problema de educação no seio familiar, que na maioria das vezes é desestruturado”, finalizou.


A polícia recomenda que as pessoas tenham mais cuidado ao transitarem pelas vias da cidade. Sempre buscando diminuir ao máximo as chances de ser abordado por um criminoso. Outro conselho é que amigos ou familiares não comprem qualquer produto sem saber a procedência.


“A polícia tem feito a parte dela com a investigação e a patrulha. Em 2015 reduzimos os índices de roubos no geral e a cada dia prendemos com maior rapidez os praticantes. Por isso, é importante haver esta cooperação para mostrar e enfim difundir que o crime, realmente, não compensa”, disse Degerone.